Por Michel Gralha, advogado
O comportamento do cenário econômico mundial tem sido um desafio para todos os países. Guerras, alterações climáticas e o desempenho dos mercados são algumas das mudanças importantes que afetam todos. Difícil ficar livre desse impacto direto. Somada a isso, a forma dos governos conduzirem suas políticas públicas também afetará mais ou menos as nossas vidas.
Trata-se de uma regra básica, a qual sempre deveria ser considerada pelos eleitores, independentemente dos candidatos
Já escrevi outras vezes que o governo não gera riqueza. Pelo contrário, toma riqueza daqueles que geram valor à sociedade. E quanto mais à esquerda esse governo estiver, independentemente do seu líder, mais ele inchará a máquina pública e aumentará os impostos. Trata-se de uma regra básica, a qual sempre deveria ser considerada pelos eleitores, independentemente dos candidatos.
Se você quer um governo maior e mais arrecadatório, dobre à esquerda. Porém, se você almeja um Estado menor e mais recursos à sociedade, dobre à direita. Isso é assim desde que o mundo é mundo, e não se alterará. Portanto, não é com surpresa que recebo os números da arrecadação de impostos federais com alta real, considerando o mês base de fevereiro, no percentual de 12,27% comparado ao mesmo período do ano anterior. Ainda, sem a correção inflacionária, o aumento chega a absurdos 17,31%.
Tivemos a maior arrecadação já registrada para o mês de fevereiro desde o início da série histórica, em 1995, ou seja, em 30 anos. Por óbvio, se identificássemos melhoria na saúde, educação ou segurança, nossas reclamações poderiam ser menores, mas sabemos que esses recursos em nada ou, otimistamente, em muito pouco serão retornados aos cidadãos.
Eu sei que muitos ainda dirão que é um fato isolado, que a análise do número deveria ser feita de forma mais ampla. Mas pondero: trata-se de uma tendência extremamente perigosa, que retira dinheiro da sociedade para entregar de mão beijada aos nossos governantes. E para deixar o cenário ainda mais preocupante, ainda não tivemos o início da vigência da reforma tributária nem a queda de alguns benefícios setoriais. Quando isso acontecer, o aumento atual parecerá minúsculo perto dos recursos que futuramente escaparão das nossas carteiras.