Por Gabriela Ferreira, consultora em inovação e professora da PUCRS
Na semana passada entrei para a estatística. Mas, calma, que é das boas. Faço parte do crescente número de pessoas que praticam corrida de rua. Não há informações muito precisas sobre a atividade, mas dados do IBGE mostram que 24,6% dos brasileiros afirmam praticar corrida ou caminhada com alguma frequência. Estimativas indicam que existem entre 5 e 11 milhões de corredores no país. Nesse número estão todas as pessoas que praticam alguma forma de corrida, sendo que as que correm as famosas maratonas são bem menos: apenas 25 mil pessoas em 2023.
Segundo a plataforma global Statista, a corrida é um dos esportes mais populares do planeta, tendo, somente nos Estados Unidos, quase 50 milhões de adeptos em 2021. Ela também é o esporte mais popular em países como México e Itália, segundo a mesma fonte.
Naturalmente, começando essa prática e aprendendo sobre ela, acabei refletindo sobre sua relação, e do esporte de forma geral, com a sustentabilidade.
O Brasil, que tem uma lei para incluir pessoas com deficiência há 32 anos, tem só 26,6% delas no mercado de trabalho
Sendo um esporte de rua, pode nos levar a pensar o quanto a sombra das árvores é importante, especialmente em dias de verão. Estudo publicado na revista científica Nature Communications, que analisou dados de 293 cidades na Europa, mostra que as arborizadas são de duas a quatro vezes mais frias do que as sem árvores e podem ter sua temperatura reduzida em até 12 graus. As metas globais de desmatamento, sabemos, estão muito aquém do necessário.
Pensando em correr uma maratona, podemos descobrir que a cidade de Nova York, sede de uma das majors – as seis maiores maratonas do mundo – é uma das cidades costeiras que serão afetadas pelo aumento do nível dos mares, decorrente do aquecimento global. As metas de redução de temperatura do planeta também não estão sendo alcançadas.
Vamos descobrir também que o esporte é inclusivo e existem grupos de corrida de cadeirantes e de cegos, inclusive em grandes competições. Mas o Brasil, que tem uma lei para incluir pessoas com deficiência há 32 anos, tem só 26,6% delas no mercado de trabalho, de acordo com o IBGE. As metas de inclusão, no mundo todo, estão longe de serem alcançadas.
Moral da história? São duas: a primeira é que sempre é possível olhar para a sustentabilidade e ser melhor em relação a isso. Cada uma das tantas pessoas envolvidas no esporte, já que é disso que falo neste texto, é um potencial promotor da sustentabilidade. E então vem a segunda: considerando a realidade do planeta, para nos mantermos vivos, independente de qual seja seu esporte, não há muito tempo, temos que correr!