Por Fábio Bernardi, sócio-diretor da HOC
Esta é uma conversa de curiosidade entre você e eu. Não sei se o nome Theodor Geisel lhe diz alguma coisa. Mas talvez você reconheça o nome pelo qual ele ficou famoso: Dr. Seuss. Se você ainda não ligou o nome à pessoa, saiba que ele era um ilustrador e escritor norte-americano que escreveu mais de 60 livros, 46 deles infantis. Ovos Verdes e Presunto, por exemplo, vendeu mais de 700 mil cópias em um ano. O Gato no Chapéu vendeu mais de 500 mil cópias somente nos Estados Unidos, assim como Oh, Os Lugares Aonde Você Irá e Um Peixe, Dois Peixes, Peixe Vermelho, Peixe Azul.
Se somarmos todos os livros do Dr. Seuss, ele está vendendo 11 mil livros por dia, apenas nos Estados Unidos. E com um detalhe: 24 anos depois da sua morte. Não é um fenômeno da atualidade, não é uma celebridade instantânea, não é um produto da mídia. Ele já vendeu 600 milhões de livros em todo o mundo desde que o primeiro foi publicado, em 1937. E antes que você diga que nunca ouviu falar dele, um dos seus livros virou filme, O Grinch, estrelado pelo Jim Carrey, e que levou até um Oscar de maquiagem, em 2000. Mesmo assim, eu também nunca tinha ouvido falar dele ou dos seus livros.
E se o Dr. Seuss estivesse caminhando pelo outro lado da rua? E se ele não tivesse parado sua caminhada para matar a curiosidade?
Então por que estou falando do Dr. Seuss? Porque, por mais consagrado que agora o Dr. Seuss já nos pareça, seu primeiro livro foi rejeitado por 27 editoras antes de ser publicado. Mas ele simplesmente foi impermeável à rejeição. E então o extraordinário aconteceu: ele estava saindo da 27ª rejeição quando encontrou na calçada um amigo que não via há vários anos. Curioso, abordou-o. Ao contar sobre o seu desânimo, ouviu que seu amigo havia virado editor naquela mesma manhã. Daquele encontro e daquela conversa casual saiu a primeira edição de seus livros. E se o Dr. Seuss estivesse caminhando pelo outro lado da rua? E se ele não tivesse parado sua caminhada para matar a curiosidade? E se ele tivesse aceitado qualquer um dos 26 “nãos” recebidos anteriormente? E se você não estivesse lendo esta coluna? Não saberia de tudo isso, e menos ainda se perguntaria o que Andy Warhol, Barack Obama, a princesa Diana, Michael Jackson e Norman Mailer têm em comum. Pois todos eles, e inclusive o Dr. Seuss, tiveram uma conversa de curiosidade com Brian Grazer, premiado produtor de cinema e autor do maravilhoso livro Uma Mente Curiosa. Brian Grazer acredita que estamos vivendo a era de ouro da curiosidade, porque temos liberdade para fazer qualquer pergunta e dispomos de mais ferramentas do que nunca para descobrir as respostas. Não é um livro sobre gestão, mas é um dos melhores livros sobre gestão que já li. E agora fiquei curioso se você ficou com vontade de lê-lo.