Por Michel Gralha, advogado
O ano tem sido particularmente triste para todos aqueles que ainda conseguem ser sensíveis ao que acontece ao seu redor. Difícil, em pleno século 21, conviver com ataques terroristas e bombas destruindo as vidas de civis subjugados aos horrores das guerras. Aqui, não se trata apenas do conflito entre Israel e Hamas, mas também do que vem acontecendo entre a Rússia e a Ucrânia.
A superficialidade e a imposição de ideias são a nova ordem entre as pessoas
Inacreditável como ficamos indiferentes e insensíveis. Sei que não podemos mudar o mundo, isso é utopia, mas ficar alheio ao que está acontecendo é chocante. Pior que isso são as opiniões sem qualquer base técnica ou respeito ao contexto histórico. Despontam por todos os lados especialistas do vazio! Para opinar sobre o que está acontecendo no Oriente, é preciso estudar. Os conflitos são antigos e fazem parte da cultura daquela região há muitos anos.
É fácil notar os pseudocatedráticos discursando sobre o tema sem sequer saberem diferenciar sionismo de nacionalismo; acreditam que o Hamas é um grupo político e não um grupo terrorista; defendem que há democracia na Palestina, afinal houve eleições por lá. Desde quando eleições determinam uma democracia? Muitas eleições, até hoje, são utilizadas por ditadores para legitimar seus interesses individuais.
Impressiona como muitos viraram cultos de Twitter e de Instagram. Não se estuda mais, não se aprofundam os temas. A superficialidade e a imposição de ideias equivocadas são a nova ordem entre as pessoas. Trata-se da única justificativa para ainda marcarem as casas de judeus, numa demonstração de perseguição e ódio inaceitáveis. Do conforto dos nossos sofás, é mais fácil defender alternativas desconectadas com a realidade. Neste momento, infelizmente, a paz mostra-se inalcançável, sonhadora e utópica. Para nossa tristeza, na atual conjuntura, vivemos uma das piores e mais violentas fases da nossa história.
Os grandes líderes mundiais já não existem mais. Restaram, na sua grande maioria, os ditadores, corruptos e covardes. E nesse cenário, tenhamos certeza, os insanos se sentirão muito mais à vontade para fazer suas atrocidades.