Por Maximiliano Ledur, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro
Chegamos hoje ao último dia da 69ª Feira do Livro de Porto Alegre. E, felizmente, temos muitos motivos para comemorar. Através de uma soma imensa de esforços, da iniciativa privada, dos governos municipal e estadual, da imprensa e de tantas outras pessoas, conseguimos, mesmo que em algum momento tenha parecido improvável, colocar o evento de pé.
Ocupamos a Praça da Alfândega desde 27 de outubro, mas a feira começou muito antes para a Câmara Rio-Grandense do Livro. Ao término da edição de 2022, já começamos a planejar a edição deste ano, no entanto, naquela época, nem imaginávamos que iríamos enfrentar tantas incertezas.
Mostramos a força da literatura com mais de 600 sessões de autógrafos, 155 palestras e centenas de atividades na área infantil e juvenil
Mesmo sem a Lei de Incentivo à Cultura (LIC), conseguimos fazer muito. Mostramos a força da literatura com mais de 600 sessões de autógrafos, 155 palestras e centenas de atividades na área infantil e juvenil. Toda a programação da feira foi – e continuará sendo – gratuita. E no meio disso, registramos ainda aumento nas vendas de livros, o que dá fôlego e motivação aos livreiros que atuam no evento. Em uma dessas atividades, o escritor, professor e médico Gilberto Schwartsmann disse algo que ficou na minha cabeça: que não podemos enfrentar os mesmos obstáculos de financiamento em 2024. “Tem que haver um sistema independente, que contemple e garanta os recursos necessários, seja qual for o governo”, enfatizou. Ele foi um dos nossos grandes apoiadores, uma liderança firme e engajada, que não mediu esforços para nos ajudar. De fato, precisamos, como sociedade, repensar as formas de financiamento aos importantes eventos culturais do nosso Estado.
O desafio para 2024 é ainda maior, já que completaremos 70 edições ininterruptas deste patrimônio cultural que segue rompendo barreiras. Nenhum evento literário e cultural no Brasil é tão longevo quanto o que realizamos aqui, de forma democrática, em uma praça pública.
A Feira do Livro de 2023 superou a burocracia e mostrou, mais uma vez, insistentemente, que “quem lê, sabe o caminho”. Encontraremo-nos novamente na Praça da Alfândega em 2024, com novos sonhos e projetos, mas com o mesmo ideal que nos une desde 1955: promover a literatura e os livros para toda a nossa sociedade.