Por Michel Gralha, advogado
Lembro como se fosse ontem o dia 11 de setembro de 2001. Ainda na fase de estudante, naquela manhã, estava na Junta Comercial quando meu telefone tocou e me avisaram do que estava acontecendo em Nova York e no espaço aéreo americano. Incrédulo, corro para achar uma televisão e vejo o segundo avião rompendo uma das torres gêmeas e matando civis.
Até onde pode ir nossa desconsideração pelo outro ou pela vida?
Sentia-me em um filme e não podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Imagens assustadoras e repugnantes, que trazem à tona o pior do ser humano – a desconsideração com a vida de inocentes. Lembro também o dia da invasão da Ucrânia. Atônito, assistia na televisão aos bombardeios a prédios residenciais, hospitais, asilos e creches.
Realmente, isso me afeta profundamente. Aonde chegamos como pessoas? Até onde pode ir nossa desconsideração pelo outro ou pela vida?
Agora, pouco tempo depois dessa última guerra, temos, nesse final de semana, de maneira surpreendente, o ataque terrorista a Israel. Imaginem: ingressar no seu território, bombardear áreas, levar cidadãos como reféns (idosos, crianças e mulheres) que, provavelmente serão torturados e mortos?! No 11/9 foram quase três mil mortos; na guerra da Ucrânia, estima-se, 190 mil mortos; e, nesse final de semana, tem-se, até agora, mil mortos. E o pior, muitos, talvez na sua maioria, inocentes incitados por líderes irresponsáveis e sanguinários, e outros vítimas em suas próprias residências.
Inacreditável passarmos por isso nos dias de hoje. O mundo caminha para tempos ainda muito mais difíceis. A polarização que passamos por aqui, por óbvio, não é só por aqui, é reflexo global de um novo ordenamento social, político e econômico. A sociedade poderá experimentar, em breve, alianças mundiais em lados opostos – e espero, genuinamente, que não passemos a conviver sob a ameaça de “Tríplices Alianças”, “Tríplices Ententes” ou entre “Eixo” e “Aliados”, como nas grandes guerras. Neste momento, temos que acreditar na inversão desta terrível lógica que se desenha, para o nosso bem e das próximas gerações.