Por Michel Gralha, advogado
Nos próximos dias ou meses, viveremos um debate profundo sobre as novas regras tributárias. Aliás, tema que já vem sendo apresentado aos cidadãos por meio de mudanças rápidas e pontuais. Foi assim quando da tentativa de taxar quem detinha operações offshore e, agora, com alguns fundos de investimentos. Ainda previsto para este ano, poderá ser votado o imposto sobre a distribuição de lucros, bem como a unificação de determinadas alíquotas. Com isso, poderemos ter um novo e inédito arcabouço arrecadatório.
Quase fomos uma potência, quase tivemos baixas taxas de desemprego, quase acabamos com a fome, entre tantos outros objetivos que não conseguimos concluir
O governo precisará de dinheiro para zerar o déficit em 2024 e alcançar o tão sonhado superávit primário em 2025. Já sabemos, sem maiores surpresas, que o responsável por pagar essa conta será o setor produtivo. Enfim, regras de um Brasil desigual, em todos os sentidos. Quem precisa é esquecido e quem produz é penalizado. Regras que contrapõem qualquer incentivo de mercado. Trata-se do nosso Brasil e do que escolhemos para ele.
Para tudo há solução, mas, infelizmente, as vejo um pouco mais longe neste momento. O retrocesso bate à porta, e retomar o desenvolvimento parece cada dia mais difícil. Como naquele jogo de tabuleiro, quando caímos no espaço “voltar 10 casas” – trata-se de uma angústia para o jogador da vez e a alegria dos seus adversários. Pois é, às vezes, a vida imita o jogo e, neste momento, infelizmente, voltamos no tempo. Angustiante? Sim, mas não pode ser desanimador ou imobilizante.
O Brasil tem seus desafios, como todo e qualquer outro país. Os nossos são maiores? Até podem não ser, mas, por aqui, temos questões estruturais. E seguir sendo uma nação do “quase” é muito frustrante. Quase fomos uma potência, quase tivemos baixas taxas de desemprego, quase acabamos com a fome, entre tantos outros objetivos que não conseguimos concluir. Agora, para maior desespero, ainda mais pensando nas liberdades individuais, pior ainda será virarmos a nação do éramos e não sabíamos e agora não somos mais.
Aqui, nada mais do que um jogo de palavras, preservado o direito que temos de manifestar ideias, sobre qualquer tema e em qualquer lugar, em ambiente livre e respeitoso.