Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC Brasil
Afinal, qual o papel de uma empresa? Essa indagação não possui apenas uma resposta. Há vários caminhos possíveis. Um que se destaca no contexto atual é o defendido pelo professor de Harvard Raj Sisodia. Para ele, um negócio serve para fazer as pessoas melhores. A reflexão por trás dessa afirmação está conectada com o chamado capitalismo consciente, movimento criado por Sisodia e pelo americano John Mackey, em 2008.
Trata-se de um debate que vai além do volume de recursos investidos pelas empresas em projetos sociais ou ambientais
A intenção do capitalismo consciente é integrar valores éticos e sociais à atuação das empresas. Isso significa deixar o lucro de lado? De forma alguma. Sisodia defende que o lucro deve ser uma consequência do impacto positivo que os negócios provocam na sociedade e no planeta. Ou seja, o que importa é como você o obtém e onde o aloca.
Trata-se de um debate que vai além do volume de recursos investidos pelas empresas em projetos sociais ou ambientais. O foco está no propósito que elas precisam ter perante a sociedade e os recursos naturais no conjunto de suas atitudes. Quem direciona essa conduta são os líderes conscientes, um tipo de gestor que reúne habilidades gerenciais, inteligência emocional e uma ampla visão humanista.
As ideias de Sisodia têm feito a cabeça de muita gente nestes tempos de ESG em alta. No Brasil, já há cerca de 180 empresas adeptas do capitalismo consciente, incluindo gigantes como Gerdau e Vibra. Deste grupo, 85% mensura benefícios concretos dessas práticas. Os principais: contribuir para a sociedade e o meio ambiente (80%) e garantir a perenidade do negócio (55%). São dados de um levantamento do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, responsável pela divulgação do movimento no país.
Grande parte dos conhecimentos que sustentam o capitalismo consciente está relatada no livro Empresas que Curam (Alta Books), escrito por Raj Sisodia e pelo americano Michael J. Gelb. A obra revela resultados obtidos por companhias que genuinamente se preocupam com seus stakeholders, bem como serve para direcionar mentes no rumo de uma evolução alinhada às necessidades atuais. Aliás, a boa notícia é que Sisodia estará em Porto Alegre no final deste mês para participar do Fórum de Sustentabilidade CMPC. Uma iniciativa que vai nos dar a oportunidade de aprofundar ainda mais ideias tão relevantes como essas.