Roberto Rachewsky, empresário
No próximo ano, o Instituto de Estudos Empresariais (IEE) estará comemorando o 40º aniversário de fundação. A missão do IEE é produzir e compartilhar ideias que sejam capazes de libertar o Brasil da ignorância e da coerção estatal que, entre outras mazelas, são a causa do nosso atraso cultural, ético, político e econômico.
O IEE defende, desde sua concepção, o capitalismo, ou seja, um sistema social no qual um governo limitado tenha como finalidade única e exclusiva prover segurança e justiça para os brasileiros, protegendo e garantindo a liberdade individual, a propriedade privada, o Estado de direito e o livre mercado.
Os Dr. Jekylls da sociedade brasileira e seus advogados precisam se mobilizar para dar outro fim a nossa história
Não é por outro motivo que o IEE vem alertando a sociedade brasileira de que a Constituição promulgada em 1988 é uma peça política insustentável por conter enormes contradições.
De um lado, nas suas cláusulas pétras, vê-se a defesa da individualidade e da privacidade, princípios que permitem que os indivíduos floresçam e a sociedade prospere e de outro, uma miríade de promessas vãs, que abrem caminho para a violação daqueles mesmos princípios, em nome de um utópico Estado de bem-estar social que, na realidade, apenas escraviza o povo e enriquece os governantes e as corporações que orbitam a sua volta, atrás de indecentes privilégios.
A Constituição brasileira, por isso, tem dupla personalidade, como tinha dupla personalidade o personagem Dr. Henry Jekyll, criado em 1886, pelo escritor escocês Robert Louis Stevenson na sua obra O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde.
Dr. Jekyll era um médico respeitado, um homem de bem. Mr. Hyde era um homem perverso, um agente do mal. Por isso, a hisstória foi popularizada no cinema como O Médico e o Monstro. Nela, Dr. Jekyll, um homem rico, pediu que seu advogado, Gabriel J. Utterson, colocasse Mr. Hyde no seu testamento. O advogado não sabia quem era Mr. Hyde, conhecê-lo é o que dá vida à trama.
O Brasil, com sua Constituição esquizofrênica, é um caso estranho como O Médico e o Monstro. A diferença entre a ficção do livro e a nossa realidade é que, por meio da censura, da revogação das cláusulas pétreas por ofício ou votação majoritária da nossa corte constitucional, o monstro venceu.
Os Dr. Jekylls da sociedade brasileira e seus advogados precisam se mobilizar para dar outro fim a nossa história. É isso que o IEE vem fazendo há tanto tempo. Parece que não saímos da estaca zero. Será?