Por Fabio Brun Goldschmidt, advogado tributarista
Convivo com minha esposa há mais de 26 anos e, ao longo desse tempo, foram inevitáveis as inúmeras discussões filosóficas sobre futuro e felicidade. Nessas ocasiões, já nos perguntamos algumas vezes quem seria a pessoa mais feliz que conhecemos. E a resposta uníssona invariavelmente é: o Pedrão.
Sempre achei essa pergunta importante, porque nos ajuda a identificar aquilo que valorizamos e nos dá um referencial objetivo a ser perseguido. Em primeiro lugar, parece fácil constatar que a pessoa mais feliz não é a que tem mais dinheiro. Tampouco é a que mais estudou, mais praticou esportes ou mais realizou coisas incríveis. A pessoa mais feliz não está preocupada em ostentar conquistas nem em ser reverenciada pelos outros. Ela simplesmente é. E existe acima e alheia a essas considerações.
Sempre repito uma frase da Coco Chanel que dizia que as pessoas que não suportam ficar sozinhas, em geral, têm razão. Gostar de e saber conviver consigo mesmo constituem um teste infalível de felicidade, de plenitude.
Para sermos grandes, sejamos inteiros, já falou Fernando Pessoa
Também gosto da história que ouvi de um sujeito que, diante de um self-made man bilionário que acabara de alcançar mais uma conquista extraordinária, diz a ele que admira seu sucesso, mas que possui a única coisa que ele jamais será capaz de possuir: a satisfação com aquilo que já tem. A ansiedade e a busca perpétua são inimigas da satisfação.
O Pedrão se notabiliza pelo exercício diário dessas virtudes, que se somam a outras que os estudos sobre felicidade vêm comprovando imprescindíveis: a capacidade de se cercar de amigos verdadeiros, a contemplação da natureza, a serenidade e a coragem de viver segundo seus valores. Viver pautado por sua essência, com tranquilidade, é para poucos.
Em tempos tão nervosos quanto temos vivido, aprender com a sabedoria discreta do meu querido Pedrão traz um sopro de esperança e nos tranquiliza pela própria noção de nossa insignificância, formigas que somos a viajar em uma minúscula pedrinha perdida no espaço, como ele costuma dizer. Para sermos grandes, sejamos inteiros, já falou Fernando Pessoa. A beleza está em perceber que a vida não é uma questão de comprimento, mas de largura.