Por Daniel Randon, Presidente das Empresas Randon e do Conselho do Transforma RS
Num mundo em permanente transformação, com acelerada inovação, é impressionante presenciar o imenso respeito às tradições e aos costumes dos súditos da rainha Elizabeth. O resultado foi assistido em sua despedida, que foi à altura da genuína liderança construída e salvaguardada ao longo de sete décadas.
Mais do que uma rainha, tornou-se uma espécie de instituição
A monarca, que testemunhou mudanças de repercussão internacional como a passagem de sete papas, 14 presidentes americanos e 15 primeiros-ministros britânicos, plantou confiança e colheu consagração.
Cultivando valores cristãos e éticos, foi exemplo de servidora pública, fiel à missão a ela confiada aos 21 anos, quando recebeu o trono pela morte do pai, o rei Jorge VI. A rainha administrou a diversidade de pensamentos e de posicionamentos críticos sendo uma liderança feminina ponderada, navegando com sucesso pela neutralidade política constitucional da monarquia e no respeito à democracia parlamentarista.
Um dos pontos de maiores críticas ao reino, principalmente nos momentos de crise, é o oneroso e pesado custo do modelo real. É verdade, também, que ele traz retorno para o país com seu importante papel institucional e de governança, além de ser uma das principais atrações turísticas do Reino Unido, confirmando que a forma de governo também movimenta a economia e gera renda.
Ao rei Charles III, por devoção ou consciência, caberá o compromisso de preservar o legado da mãe. E de vencer o desafio da continuidade com a mesma serenidade e liderança no comando das graves questões nacionais envolvendo a crise energética, os índices de inflação acima de 10% e as ameaças de greves por aumentos de salários. Tudo no estilo ainda ímpar da monarca que, ao longo da sua história, conduziu assuntos relevantes de maneira apolítica, independentemente de partidos e de governantes no parlamento.
Mais do que uma rainha, Elizabeth tornouse uma espécie de “instituição”, que deixa para o mundo a esperança e a comprovação de que é possível governar de maneira pacífica e em harmonia com as diferenças, em nome do bem maior que é a nação.
Que a vitoriosa trajetória da rainha sirva de inspiração para que nós, brasileiros, respeitemos mais os símbolos da pátria e, ao mesmo tempo, resgatemos a consciência cívica dando a devida importância ao voto no próximo domingo, 2 de outubro, como um dever de cidadão e um instrumento da democracia.