Por Roberto Rachewsky, empresário
Confesso a vocês que não me assusto com o nível dos candidatos quando assisto a entrevistas e debates. O que me assusta, me revolta e gera indignação é que eles estão discutindo sobre coisas que não poderiam estar ao seu alcance, mas estão. Quem eles pensam que são? Ficam debatendo sobre a minha vida, a minha liberdade, a minha propriedade, a minha felicidade, princípios fundamentais e fins últimos dos meus direitos individuais inalienáveis.
Como temos visto recentemente, há quem extrapole o que as instituições permitem, pervertendo-as, atentando contra elas
Quem ocupa cargo eletivo deveria ter apenas a preocupação de forjar e manter instituições que reconhecessem e protegessem os meus direitos individuais, tornando-os intocáveis. São eles, os direitos individuais, que me permitem pensar e agir em sociedade, para que eu possa realizar, como eu bem entender, meus propósitos de vida.
Elegeremos um presidente, um governador, dois deputados e um senador, sendo que este aprovará quem for indicado para compor o Supremo Tribunal Federal, que julgará, à luz da Constituição, ações que lhes forem apresentadas. Cabe lembrar, com a ênfase necessária, que o senador eleito pode, para não dizer deve, afastar os ministros com mau comportamento, através do processo de impeachment.
Como temos visto recentemente, há quem extrapole o que as instituições permitem, pervertendo-as, atentando contra elas, destruindo a lei, a ordem e os direitos individuais que deveriam resguardar, sob o pretexto de defendê-los. Iremos para a nona eleição direta para cargos federais e estaduais depois que a Constituição de 1988 foi promulgada. No texto constitucional que começa com “Nós, os Representantes do Povo”, os pais fundadores da Sexta República deram aos governantes um poder que não lhes cabe, o de decidir sobre a vida, a liberdade, a propriedade e a felicidade de cada brasileiro, de forma ilimitada. República Constitucional é uma invenção dos “Pais Fundadores” dos Estados Unidos da América. Na Constituição Americana, que começa com “Nós, o Povo”, está explícito o que é permitido aos governantes fazerem. Todo o resto que um governante quiser fazer, é proibido. No sentido inverso, tudo aquilo que um indivíduo quiser fazer no exercício de seus direitos individuais é permitido, sendo-lhe proibido apenas agir coercitivamente.
Eu não sei vocês, mas eu não me assusto com o que dizem os candidatos, nem com o nível dos debates. O que me apavora é o que tudo isso fala de cada um de nós. Como, depois de três décadas, ainda permitimos que essa gente desconhecida, gênios ou idiotas, em quem votamos, tenha tanto poder sobre nós?