Por Daniel Randon, Presidente das Empresas Randon e do Conselho do Transforma RS
Pesquisa da Unicef mostra que as escolas fechadas por dois anos resultaram em perdas ainda maiores de habilidades básicas de aritmética e alfabetização. O fato deixou nos países de renda mais baixa até 70% das crianças de 10 anos incapazes para a leitura e para a compreensão de um texto simples, o que antes da pandemia era de 53%, já bastante preocupante.
No Brasil, em vários Estados, não é diferente: três em cada quatro crianças do 2º ano estão fora dos padrões de leitura. Antes da Covid-19, a relação era de uma em duas crianças, índice igualmente nada confortável.
O relatório, feito em conjunto com Banco Mundial e Unesco, só confirmou a crítica realidade com impacto relevante e de longo alcance para esta geração de estudantes. As mais evidentes são as perdas na produtividade e até mesmo na empregabilidade e nos salários dos futuros profissionais. Portanto, é urgente atuar fortemente em efetivas soluções. O RS, a exemplo de São Paulo e outros Estados, está empenhado em mudar o rumo da história com manifestações importantes em busca de alternativas.
O Pacto pela Educação pode reverter o quadro de perdas educacionais ampliadas pela pandemia, desde que seja levado a sério, sem divisões
Merece aplauso - e o nosso apoio irrestrito - o Pacto pela Educação (pactopelaeducacao.org) promovido por um grupo de cidadãos gaúchos de diferentes formações, incluindo educadores, para recuperar o aprendizado perdido. Lançado na última semana, o Pacto ganhará forma em menos de 40 dias, tempo suficiente para o engajamento de voluntários, que concordam que a educação precisa ser prioridade, podendo participar com ideias e projetos ou como financiadores.
Mais do que recuperar perdas, se bem estruturada e administrada, a iniciativa pode até tornar referência nacional o ensino do nosso Estado. Para isso, são inúmeros e combinados os caminhos, envolvendo a transformação digital que permite muitas melhorias. As soluções não dependem somente do poder público e podem destravar o processo educativo. Contribuem para isso movimentos recentes como o anúncio da Fiergs de investimento de R$300 milhões no Ensino Médio. Também é inspirador o evento Crie o Impossível, que fez do Beira-Rio, na sexta-feira, a maior sala de aula aberta a alunos da rede pública.
O RS já tem um ecossistema inovador e com modelos disruptivos em negócios, ampliando a competitividade que atrai capital. Também tem gente talentosa que precisa ser retida. É urgente, então, como sociedade civil, assumirmos a educação como um compromisso de todos, deixando de lado as diferenças e polarizações. Qualquer que seja o pacto ou mobilização, o êxito passa pelo envolvimento da família, da comunidade escolar e dos gestores.