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Os caminhos que escolhemos percorrer

Se falamos que Pessach também é sobre liberdade espiritual, necessariamente falamos sobre fazer escolhas

Por Sebastian Watenberg, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul

presidencia@firs.org.br

Ao entardecer desta sexta-feira, judeus de todo o mundo celebrarão a festa de Pessach, a “páscoa judaica”, e que neste ano coincide com a data da páscoa cristã. Em Pessach, celebramos a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. A mensagem da festa é sobre liberdade, não apenas física, mas também espiritual. 

Após a saída do Egito, o povo judeu peregrinou pelo deserto durante quarenta anos, até chegar a Israel, a Terra Prometida. Dentre as muitas explicações existentes para tão longa jornada para percorrer um percurso de aproximadamente duzentos quilômetros, aquela que particularmente me atrai é a que interpreta que esses anos foram necessários para que uma geração de escravos morresse, e uma geração de homens livres nascesse.

Se falamos que Pessach também é sobre liberdade espiritual, necessariamente falamos sobre fazer escolhas

Se falamos que Pessach também é sobre liberdade espiritual, necessariamente falamos sobre fazer escolhas. E toda escolha deve, essencialmente, estar acompanhada de responsabilidade. O êxodo representa, destarte, a nossa luta diária para sermos libertados das restrições que nós mesmos nos atribuímos.

Em seu poema “O Caminho Não Escolhido”, Robert Frost escreveu: “Dois caminhos se separavam em um bosque amarelo, e eu peguei o menos percorrido, e isso fez toda a diferença”. Certamente, seguir o caminho mais fácil nos faz sentir seguros. Ao mesmo tempo, há algo de profundo em pegar estradas menos percorridas, mesmo que mais longas, mais árduas e com mais incertezas ao longo do caminho. Às vezes, quanto mais trabalhamos por algo, mais apreciamos o que conquistamos quando chegamos ao nosso destino.

A relutância em tentar algo novo, desviar-se para um território desconhecido, sair da nossa zona de conforto e enfrentar o risco de percorrer caminhos menos familiares ou confortáveis é um dilema com o qual todos nos enfrentamos algumas vezes ao longo da vida. Mas o exemplo da travessia dos judeus por quarenta nos no deserto nos ensina que esse é um risco que devemos correr para, ao final, podermos desfrutar da nossa Terra Prometida particular.

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