O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto foi instituído pela ONU em 2005. A data de 27 de janeiro de 1945 marca o dia da liberação do campo de extermínio nazista Auschwitz-Birkenau. Na resolução, a ONU condena todas as manifestações de intolerância religiosa, incitamento, perseguição ou violência contra pessoas ou comunidades por causa da sua origem étnica ou crença religiosa.
Quase 90 anos após o início do Holocausto, o nazismo recrudesce em nossa sociedade, evidenciando franca expansão no Brasil.
EBASTIAN WATENBERG
Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul
Quase 90 anos após o início do Holocausto, o nazismo recrudesce em nossa sociedade, evidenciando franca expansão no Brasil. Nos últimos 10 anos, de acordo com a Polícia Federal, os casos de apologia ao nazismo cresceram mais de 900%. Ainda, de acordo com a antropóloga Adriana Dias, que se dedica a pesquisar o tema, existem pelo menos 530 núcleos extremistas no país, um universo que pode chegar a 10 mil pessoas, o que representa um crescimento de 270% de janeiro de 2019 a maio de 2021.
Ao contrário do que poderia parecer, o fenômeno não preocupa apenas a comunidade judaica brasileira, e nem se manifesta somente na internet. Há diversos casos de agressões e ataques nas ruas, verbais e físicos. Ainda, além do antissemitismo, essas pessoas têm ódio a negros, LGBTQIAP+, nordestinos, imigrantes, bem como a todos aqueles que, no seu entender, violam as falsas hierarquias que esses grupos pretendem impor.
Ainda que as polícias, o Ministério Público e o Poder Judiciário tenham sido sensíveis ao tema, agindo com rigor, a falta de uma legislação clara contra o discurso de ódio no país é um dos obstáculos para que esses crimes sejam devidamente punidos. A própria lei contra o racismo também precisa de atualização, na medida em que tem cabido à Justiça, ao longo do tempo, dar-lhe a efetividade por vezes ausente no texto original.
Os crimes de ódio requerem punição exemplar, sem a qual a luta contra a intolerância não será plenamente eficaz, e nem dará aos grupos vulneráveis a segurança que deve ser inerente ao Estado democrático de direito.
Nazismo, nunca mais!