Por Daniel Randon, CEO das Empresas Randon e Presidente do Conselho do Transforma RS
Mais de 200 países discutiram na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), na semana passada, na Escócia, como neutralizar a tragédia traduzida em secas, inundações e temperaturas extremas que afetam a produção de alimentos e a saúde da população mundial.
Os países, em especial os desenvolvidos, precisam ser mais drásticos investindo maciçamente em tecnologias limpas e disruptivas com o objetivo de se tornarem carbono neutro no longo prazo. Precisamos de um verdadeiro comprometimento global genuíno, utilizando o crédito de carbono como moeda de troca entre as nações e construindo uma ponte entre as energias fósseis e as limpas de maneira sustentável para a economia. Banalizar o que nos trouxe até aqui sem um planejamento faz com que os acordos sejam meramente políticos e inócuos.
Não será o Brasil a salvar o mundo cortando 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 ou antecipando a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2028. O país da Amazônia, com a maior biodiversidade do planeta e celeiro do mundo, não é o “patinho feio” neste jogo político que afeta as relações comerciais internacionais. Sabemos que nações desenvolvidas como EUA e China, que se comprometeram a cooperar no combate ao aquecimento global, são as maiores produtoras de carbono e responsáveis pelo efeito estufa global.
Sem culpas ou desculpas, o mundo precisa agir mais e discursar menos utilizando as soluções disruptivas disponíveis
A capacidade inventiva do ser humano é ilimitada. Está provado que há soluções inovadoras baseadas na tecnologia para gerar um sistema sustentável de produção e de consumo. Somente para a proteção e restauração de florestas há US$ 19 bilhões em fundos públicos e privados à espera de projetos consistentes. É o caso da linha de financiamento coletivo do BNDES, que prevê arrecadar até R$500 milhões para apoiar programas de restauração de florestas nativas e bacias hidrográficas. Empresas que aportarem recursos terão suas doações dobradas pelo Banco.
Para acelerar o combate ao desmatamento e à soja livre de conversão, o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido anunciou a linha Finanças Inovadoras, no valor de US$ 3 bilhões, endereçada à Amazônia, Cerrado e Chaco.
Incentivos não faltam, portanto, resta aos países apresentarem bons projetos e evitarem rever as metas não alcançadas a cada nova conferência do clima.
Que cheguemos à COP-27, em 2022, no Egito, como um exemplo de quem fez a lição de casa e no caminho de um país com economia sustentável e gerador de créditos de carbono.