É da população, em primeiro lugar, o grande mérito de o país ter atingido na quarta-feira a marca simbólica de 100 milhões de pessoas com a vacinação completa. A esmagadora maioria dos cidadãos compreendeu a importância da imunização para conter a pandemia que já enlutou centenas de milhares de famílias. Em busca de uma proteção individual mas também coletiva, os brasileiros afluíram com avidez para os pontos onde receberiam as suas doses quando chegou a sua hora, muitas vezes enfrentando grandes filas, sol, chuva e frio, contribuindo para frear a circulação do vírus da covid-19. Os resultados estão materializados na significativa queda nos números de casos, hospitalizações e de vítimas fatais, o que também colabora para a retomada gradual das atividades econômicas.
Os brasileiros afluíram com avidez para os pontos onde receberiam as suas doses quando chegou a sua hora, muitas vezes enfrentando grandes filas, sol, chuva e frio
O reconhecimento deve ainda ser estendido aos técnicos e à burocracia do Ministério da Saúde e aos governadores e prefeitos e suas equipes, lideranças políticas responsáveis que, desde as primeiras notícias sobre o desenvolvimento das vacinas, entenderam que estava na imunização a esperança para vencer o novo coronavírus e, junto à população, pressionaram para a União acelerar a aquisição dos fármacos. Se há êxito, deve-se também à tradição brasileira na área, com um Programa Nacional de Imunizações (PNI) robusto e capilarizado. Merecem grande reconhecimento o Sistema Único de Saúde (SUS), com seus partícipes nas esferas federal, estadual e municipal, o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz, que desde meados de 2020 se dedicam a pesquisas e depois à produção de vacinas. São dignos de aplauso ainda todos os voluntários e organizações da sociedade civil, como o movimento Unidos Pela Vacina, que se somaram no esforço conjunto nacional para começar a superar a maior crise sanitária global em um século.
Mesmo iniciando com atraso o processo de vacinação, o Brasil avança com uma cobertura vacinal acima de muitas nações mais ricas, que começaram suas campanhas mais cedo e têm sobra de doses. Se isso pode ser creditado à adesão maciça da população, também é graças ao empenho de médicos, pesquisadores e divulgadores científicos, incansáveis em esclarecer dúvidas e assegurar a eficácia e a segurança das vacinas, um trabalho obstinado que contou com a colaboração decisiva da imprensa profissional. Desta forma, foi possível combater a desinformação e a boataria, reduzindo a quantidade de pessoas suscetíveis a teorias conspiratórias a uma ínfima parcela dos brasileiros.
O Rio Grande do Sul, um dos Estados que lideram a vacinação no país, já tem aproximadamente 55% da população com o esquema completo. São cerca de sete dezenas de municípios com 70% dos habitantes completamente imunizados e, nos demais, a aplicação avança firme, de acordo com a disponibilidade de doses. Aos poucos, mantendo outros cuidados complementares, os gaúchos vão erguendo uma barreira mais sólida contra o vírus, chegando cada vez mais perto de superar um episódio que marcará para sempre a trajetória da humanidade.