Se é verdade que o Estado vai bem no ritmo de vacinação contra a covid-19, sendo desde o início do processo um dos primeiros colocados no país, também não se pode deixar de observar que é preocupante verificar o grande número de gaúchos que ainda não procuraram os postos. Calcula-se que quase 540 mil pessoas com idade acima dos 40 anos, que já deveriam ter tomado a primeira dose, por alguma razão se abstiveram e não compareceram até agora para a imunização.
Como as vacinas são, além de uma proteção individual, um escudo coletivo contra a doença, é preciso compreender o que vem ocorrendo para contornar esse problema
Como as vacinas são, além de uma proteção individual, um escudo coletivo contra a doença, por diminuir a circulação do vírus, é preciso compreender o que vem ocorrendo para contornar esse problema. Se for necessário, os municípios devem dar maior atenção à busca ativa, especialmente no caso de idosos, que podem ter limitações de mobilidade. É conveniente ainda redobrar esforços de comunicação e conscientização. Em países como os Estados Unidos, é grande a disponibilidade de doses, inclusive com sobras de fármacos, mas a campanha vem perdendo ritmo em função de um elevado percentual de indivíduos, principalmente em certas regiões, que infelizmente ainda creem em teorias conspiratórias sobre vacinas e são vítimas da desinformação em relação à doença. Mostram os últimos dados que a esmagadora maioria de novas vítimas fatais nos EUA é de não vacinados.
Também parece ser crucial ampliar os esclarecimentos para pessoas que rejeitam vacinas de determinados laboratórios. Todos os imunizantes disponíveis no país têm eficácia, o que é comprovado inclusive por resultados de estudos conduzidos na população imunizada em países próximos do Brasil, como Uruguai e Chile. A premência de acelerar a cobertura vacinal, com o esquema completo, ganha ainda mais relevância com o aparecimento da variante Delta no Estado. A cepa identificada pela primeira vez na Índia tem se mostrado mais contagiosa e já é predominante em diversas nações, voltando a preocupar as autoridades da saúde, que repetem o mantra: a vacinação é o recurso mais poderoso para barrá-la, ao lado da manutenção dos cuidados individuais, como o uso de máscara e o distanciamento.
Ao menos há a boa notícia, divulgada ontem pelo governo gaúcho, de que será possível antecipar o prazo para oferecer ao menos a primeira aplicação da vacina contra o novo coronavírus para todos os gaúchos acima de 18 anos. Antes, a previsão era 20 de setembro e, agora, passou para o dia 7. É claro que atingir o objetivo dependerá da disponibilidade, mas um novo período de escassez grave de imunizantes parece não estar no horizonte. Assim, ganha importância fazer com que todos os rio-grandenses adultos se dirijam aos postos de vacinação quando chegar a sua vez, se esclareçam os reticentes e se busque quem apresentar dificuldades de deslocamento, robustecendo a barreira comunitária contra a covid-19.