A desestatização da CEEE-T, braço de transmissão de energia do Grupo CEEE, é mais um sinal a indicar que o Rio Grande do Sul entrou de fato em uma nova era em termos de percepção da sociedade sobre os benefícios das privatizações, quando bem feitas e com destinação correta das receitas. As resistências arraigadas observadas há não muito se diluíram e, em seu lugar, começou a ganhar espaço a compreensão de que as consequências de negócios do gênero serão positivas para a ampla maioria dos gaúchos e para o poder público.
Cria-se, assim, um novo ambiente, que faz o Rio Grande do Sul voltar a ser visto como um território amigável a investimentos e a negócios privados
A CPFL, que arrematou a empresa por R$ 2,67 bilhões na sexta-feira em leilão na B3, promete investir R$ 1,5 bilhão nos cinco próximos anos, mais de três vezes acima do que vinha sendo a média anual, com a companhia nas mãos do Estado. Este é um setor intensivo em capital e que exige disponibilidade de recursos para os projetos de expansão e modernização que, ao final, beneficiam os consumidores de energia, pela confiabilidade do sistema. Esses investimentos, ao mesmo tempo, significam incremento na demanda por produtos e serviços, criando mais oportunidade de negócios e gerando empregos, dinamizando a economia. Não é segredo que, sem as amarras burocráticas a que estatais são submetidas, ganha-se em agilidade, produtividade e eficiência. Tanto na gestão da empresa em si quanto no planejamento e na execução de projetos vultosos.
Para o Estado, os R$ 2,67 bilhões que entrarão no caixa em até três meses significam uma ajuda expressiva para a continuidade do processo de recuperação das finanças. Mesmo que indiretamente, colaboram com a perspectiva de manutenção em dia dos salários, o que não significa drenar os recursos para serem consumidos por uma máquina pesada e enferrujada. Pelo contrário, fazem com que o Estado possa ter condições de tocar obras de infraestrutura e que promovam o desenvolvimento em setores e locais sem o mesmo interesse da iniciativa privada. Ao mesmo tempo, permitem ao poder público ter à disposição recursos à altura das necessidades em áreas essenciais, como saúde, educação e segurança, prioridades no dia a dia da população.
O Rio Grande do Sul avança na privatização de estatais e concessões – que não são um fim em si, mas um meio para resolver uma série de problemas, em relação tanto às dificuldades dos cofres públicos quanto à oferta de serviços adequados aos cidadãos. Irão à venda nos próximos meses a divisão de geração de energia da CEEE, a participação do governo gaúcho na Sulgás e a abertura de capital e alienação de controle da Corsan. Junto a isso, novas concessões. Ao Estado, cabe assegurar, por meio de agências reguladoras, controles e fiscalizações indispensáveis para que os compromissos sejam cumpridos e bons préstimos assegurados à população. Cria-se, assim, um novo ambiente, que faz o Rio Grande do Sul voltar a ser visto como um território amigável a investimentos e a negócios privados, realimentando um círculo virtuoso de finanças saudáveis, boa infraestrutura, crescimento econômico e geração de emprego e renda. É o cenário que se descortina.