Por Rabino Guershon Kwasniewski, SIBRA- Sociedade Israelita Brasileira e Coordenador do Grupo de Diálogo Inter-religioso de Porto Alegre
Na semana em que o Brasil se enluta pelos quatrocentos mil mortos vítimas da COVID19, uma história nos leva a ter esperança.
Na época de Rabi Akiva, prestigioso rabino popular que viveu no século I e morreu pelo ano 136 da nossa era, 24.000 dos seus discípulos morreram vítimas de uma epidemia na terra de Israel.
O período daquelas mortes coincide com os dias que separam a festividade de Pêssach- a Páscoa Judaica- e a festividade de Shavuot- literalmente Semanas, mas também conhecida como Pentecostes-.
Estes dias do calendário judaico são considerados de semi-luto, comemorações estão proibidas e tudo o que está atrelado à alegria deve ser adiado.
Mas aconteceu o que todos sonhavam e desejavam, no 33 dia entre as festividades antes citadas ninguém morreu. O que era luto virou festa. Esse dia é lembrado até hoje como dia de comemoração, no qual entre outras coisas são celebrados casamentos, as crianças judias no mundo costumam sair de pic nic e em Israel a população costuma subir até o monte Meiron na Galileia para visitar o túmulo de Rabi Shimon bar Iochai – que faleceu também nesse dia, mas pediu para ser lembrado com alegria-.
As mortes são lamentáveis e dolorosas em todos os tempos, vejam que mesmo que se passaram vinte séculos destes fatos, ainda lembramos a tragédia
Histórias como esta nos permitem tirar algumas conclusões importantes. Epidemias e pandemias existiram em todas as épocas, esta é a vez da nossa geração. As mortes são lamentáveis e dolorosas em todos os tempos, vejam que mesmo que se passaram vinte séculos destes fatos, ainda lembramos a tragédia. Quando parece que o período nefasto não tem fim, um dia conseguimos enxergar a luz no final do túnel.
O que era dor se transformou em alegria, o que era luto virou comemoração.
Cada um de nós alimenta os seus sonhos neste período, experimentamos diversas contagens internas que nos colocam numa perspectiva diferente na linha do tempo das nossas vidas.
Projetos adiados, abraços e beijos em stand-by, um apertão de mãos, dois cafés aguardando por amigos, a mesa do churrasco de domingo esperando pela família, mas nada nos impede sonhar que esse dia melhor no qual iremos comemorar a vida irá chegar.
Os sonhos nos mantém vivos, nunca deixe de sonhar.