A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2020, na quarta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou outra vez a agropecuária como um grande esteio da economia nacional. As atividades da porteira para dentro das propriedades rurais cresceram 2% em relação a 2019, enquanto os outros dois grandes setores, indústria e serviços, caíram 3,5% e 4,5%, respectivamente. Ou seja, o campo impediu uma retração ainda maior do PIB do Brasil no ano passado. Em meio à profusão de desafios impostos pela pandemia, é mais um resultado excepcional de um segmento que, de forma recorrente, tem ajudado a puxar para cima os negócios e a geração de emprego e renda nos anos em que há crescimento da economia e, nos períodos ruins, impede quedas maiores.
Produzir protegendo a natureza, com sustentabilidade, é e será cada vez mais um diferencial, com ganhos para o Brasil e para o mundo
Os efeitos positivos do desempenho da agricultura e da pecuária, é preciso ressaltar, se disseminam por outros elos da cadeia do agronegócio. Quando o campo vai bem, o que tem sido uma regra, carrega junto uma variada gama de atividades industriais, de serviços e do comércio, principalmente nas regiões fortemente vinculadas à produção primária, como grande parte do Rio Grande do Sul. As exportações especialmente de soja e de carne, da mesma forma, vêm garantindo substanciais superávits comerciais, contribuindo para o ingresso de divisas e a saúde das contas externas no país.
Ao longo de 2020, o campo foi ajudado por uma série de fatores. Além de não parar mesmo nos períodos de maiores restrições relacionadas à pandemia, tirou proveito da grande demanda internacional por grãos e proteína animal, especialmente da China. No caso do Rio Grande do Sul, a seca levou a uma quebra significativa na colheita da soja, principal lavoura do Estado, mas fatores como mudanças de hábitos alimentares da população durante os dias de maior isolamento social e o pagamento do auxílio emergencial deram importante fôlego para os produtores de arroz. O início de 2021 é promissor tanto em nível nacional quanto no Estado. Para os produtores gaúchos, as perspectivas positivas vêm da manutenção dos preços altos e das condições climáticas bem melhores em relação às observadas no último verão. Neste ano, portanto, a agropecuária tende a alavancar também a recuperação do PIB do Rio Grande do Sul.
O agronegócio, que inclui a agropecuária e atividades diretamente vinculadas a ela, é sem dúvida o setor em que o Brasil é mais competitivo internacionalmente. Com uma constante incorporação de tecnologia e o trabalho dedicado dos homens e mulheres do campo, tem ainda grande capacidade de elevar a produção por aumento de rendimento, sem precisar de desflorestamento. Tamanha potencialidade, por óbvio, vez por outra gera reações protecionistas. Por sua importância estratégica, precisa ter cuidados especiais com o ambiente, como já faz a grande maioria dos produtores, a exemplo dos do Rio Grande do Sul, para evitar que práticas criminosas como as observadas em algumas regiões da Amazônia manchem a reputação da agricultura e da pecuária responsáveis, gerem boicotes e prejudiquem negócios. Produzir protegendo a natureza, com sustentabilidade, é e será cada vez mais um diferencial, com ganhos para o Brasil e para o mundo.