Trata-se de uma oportuna contribuição para o debate sobre os desafios do Estado o estudo "Censo Qualitativo 2020-21 – o Rio Grande após a pandemia", apresentado pela Assembleia Legislativa. Mais do que expor um diagnóstico, algo que não necessariamente esteve em falta nos últimos anos, tem o mérito de propor caminhos para a retomada do desenvolvimento, com benefícios para a economia e, consequentemente, para a população. Sugerido pela consultoria Confirma Brasil, o trabalho foi executado pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), a partir de entrevistas com 429 líderes regionais da iniciativa privada e de cooperativas e entidades e prefeitos.
Surge uma grande oportunidade para ampliar as discussões sobre como buscar um sistema de impostos mais adequado
Uma das principais conclusões do documento é a necessidade de uma revisão do sistema de tributos do Estado. Surge, portanto, uma grande oportunidade para ampliar as discussões sobre como buscar um sistema de impostos estaduais menos complexo, mais justo e adequado para os interesses da sociedade gaúcha. Como o governador Eduardo Leite pretende rediscutir uma proposta de reforma tributária neste ano, após ver suas tentativas frustradas em 2020, está chegando o momento mais propício para se construir um amplo consenso sobre o tema.
A grande dificuldade, como se imagina, será fazer com que cada ator possa ceder um pouco em relação aos seus interesses específicos para que se construa uma proposição que signifique um alívio para as empresas, gerando mais competitividade e empregos, sem inviabilizar o Estado, que necessita de recursos para manter serviços essenciais à população. Apenas de um diálogo franco, desarmado e que mire benefícios comuns será possível extrair um entendimento que comece a desatar esse nó.
O certo é que, insistindo nos mesmos métodos que até hoje deram errado, será impossível colher resultados diferentes em termos de impulso ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul e de suas empresas, grande motor da economia, ao lado do campo. Encontrar saídas estruturantes, que possam ter reflexos no médio e no longo prazo, se torna ainda mais inadiável diante do agravamento do quadro econômico e financeiro causado pela pandemia. É revelador que os entrevistados esperem uma plena recuperação da crise apenas em um prazo de dois anos – e isso contando com a ausência de novas turbulências, tão comuns no país. Um Estado saneado, de qualquer forma, se torna um parceiro, e não um entrave para o setor privado crescer. Espera-se que, agora, as conclusões do estudo, especialmente quanto às alternativas, possam ser aproveitadas de forma prática no debate sobre o futuro do Rio Grande do Sul.