Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
No Brasil, a pandemia e seus efeitos contabilizam centenas de mortes, e muitas mais ainda virão. Sua evolução e consequências são difíceis de prever. As ações contingentes, incluindo a quarentena e a ampliação do sistema de saúde, além das ações sociais foram importantes. A sociedade adotou novos comportamentos e atitudes preventivas, com um enorme espírito de solidariedade nesta excepcionalidade jamais vivida. Negativas foram as discussões binárias com interesses políticos e eleitoreiros para privilegiar a vida ou a economia, quando a prioridade é uma mobilização convergente em favor da vida e da sua qualidade.
O isolamento social é um importante mecanismo no controle da expansão descontrolada da Covid-19 e do consequente caos do sistema de saúde do Brasil, mas por si só não vai eliminar o vírus, pois ele permanecerá agindo em maior ou menor escala. Só a ciência, as pesquisas em andamento sobre o comportamento da doença, vacinas e medicamentos poderão dar segurança para o seu controle, mas os prazos para tê-los são incertos.
A quarentena traz enormes impactos, como desemprego e consequências sociais, com a retração da economia e o fechamento de empresas e atividades. Tal estratégia tem limites e validade. Gerir a retomada gradativa e setorial das atividades da sociedade (não apenas as atividades da economia, mas todos os processos inerentes ao dia-a-dia e à socialização associados) é que poderá reduzir os efeitos decorrentes da pandemia.
Este processo deve ser liderado pelo governo nos seus diversos níveis (federal, estadual e municipal), conjugando os demais poderes para atuar em convergência e com decisões equilibradas baseadas em dados qualificados visando à preservação da vida e ao menor impacto possível para a economia e a sociedade. A vida e sua qualidade é o fator mobilizador na busca de soluções, o que demanda envolvimento de todos os entes públicos e entidades num processo dinâmico de decisões compartilhadas e equilibradas para atender a este propósito.
É urgente que o setor público, de forma transparente, planeje como seguir e como gerenciar a retomada gradativa das atividades sociais e econômicas preservando a vida – nosso valor maior – ao menor custo social. Este é o momento de construir confluências entre poder público e sociedade, pautadas pelo bom senso com foco no interesse maior da coletividade. Caso contrário, o custo social – que já é grande – será ainda maior e atingirá a todos.