Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
Na batalha que se estabeleceu contra o COVID-19, inimigo consensual de todas as nações, é fundamental que se compreenda a magnitude dos riscos. Muitas epidemias ocorreram ao longo de diversos séculos, sempre fazendo um número muito grande de vítimas devido principalmente à sua capacidade de disseminação.
Vamos citar aqui duas delas, a Peste Negra e a Gripe Espanhola. A primeira ocorreu no século 14, tendo surgido no Oriente e chegado à Europa, onde teria matado cerca de 30% da população. Ao todo, teriam sido 200 milhões de vítimas. Seu vetor de disseminação era através do comércio, que se movia pelos continentes principalmente através de barcos que carregavam ratos e suas pulgas, hospedeiros do vírus.
A Gripe Espanhola, originada pelo vírus Influenza H1N1, ocorreu entre os anos 1918/19 e teria vitimado algo como 50 milhões de pessoas e infectado próximo de um quarto da população mundial. Por serem tempos de guerra, propositadamente a informação não circulava, abandonando-se, portanto, ações preventivas básicas na tentativa de conter seu alastramento. No Brasil teria chegado de navio e vitimado o presidente eleito Rodrigues Alves.
Por vezes nos socorremos em livros ou filmes para explicar melhor algumas situações do cotidiano. O cinema sempre foi pródigo em produzir filmes apocalíticos onde a população da terra é quase toda exterminada por guerras atômicas, restando sempre poucos sobreviventes. Porém, a história mostra que os vírus podem ser mais eficientes do que armas.
No filme "Planeta dos Macacos - a origem", de 2011, em que pese a bobagem de tornar os símios inteligentes, há um caso interessante quando muda a explicação para a quase extinção dos humanos, que na história original de 1968 induzia aos efeitos de uma guerra nuclear. Na versão de 2011 o que quase exterminou a raça humana foram...vírus.
A cena final, que pode ser vista no link gzh.rs/filmeplamac, mostra um personagem infectado em um aeroporto contaminando o ar e o chão e a partir daí ele vai rapidamente se expandido pelo mundo. A cena é visualmente perfeita para entendemos a forma exponencial de proliferação de um vírus.
O que difere nossa realidade atual daquela ficção talvez seja a diferente letalidade de cada vírus. No mundo moderno, o vírus viaja de avião, aterrissa, pega um ônibus, trem ou carro e vai se distribuindo pelo mundo, onde infelizmente a única forma de reduzir seus efeitos é a profilaxia e o isolamento, em que pese os dramáticos danos econômicos colaterais que virão.