Cedo ou tarde, o novo coronavírus também chegaria ao Rio Grande do Sul, o que foi confirmado ontem, com o teste positivo de um empresário de Campo Bom, no Vale do Sinos, que havia viajado para a Itália em fevereiro. Se era inevitável, ao menos os gaúchos têm a vantagem de o Estado não ter sido pego de surpresa pelo covid-19, ao contrário de outros países, onde as autoridades esboçaram reação à altura apenas quando constataram um rápido aumento no número de infectados, tornando mais árdua a tarefa de conter a disseminação do agente infeccioso.
As ações concatenadas e ágeis atestam que as autoridades da área da saúde aprenderam com a epidemia de H1N1, em 2009
No momento em que o Estado constata a chegada do vírus, uma série de medidas já estava planejada desde o final de janeiro, para pronta execução, graças à percepção da ameaça em potencial, à organização prévia dos planos de contingência e à articulação elogiável com os municípios e com o governo federal. O fato de o governador Eduardo Leite ter pessoalmente feito o anúncio do primeiro caso é um sinal positivo, por atestar a importância que o governo dá ao combate à enfermidade que, em todo o mundo, já vitimou mais de 4 mil pessoas. As ações concatenadas e ágeis atestam que as autoridades da área da saúde aprenderam com a epidemia de H1N1, em 2009.
O Laboratório Central do Estado está capacitado para dar o resultado dos testes em 48 horas, há hospitais previamente preparados para receber pacientes, escolas também estão recebendo orientações e o Ministério da Saúde decidiu que a vacinação contra a gripe começará no próximo dia 23. Mas é preciso não perder de vista que a batalha contra o coronavírus só será vencida com o auxílio de cada cidadão, que individualmente deve reforçar hábitos de higiene, como lavar frequentemente as mãos, lembrar da etiqueta respiratória ao tossir e espirrar e, no caso do Rio Grande do Sul, evitar compartilhamento do chimarrão. São atitudes simples, mas essenciais para frear o contágio interno. Outro ponto de extrema importância é buscar informações sobre o covid-19 somente em fontes confiáveis e oficiais. Desta forma, é possível manter-se imune ao surto de desinformação que prolifera em redes sociais.
A chegada do novo coronavírus ao Estado não deve ser motivo de pânico, mas exige cuidado e seriedade no trabalho de contenção. A prova é a atenção diária que o Ministério da Saúde do Brasil dispensa ao tema desde o fim de janeiro. Neste contexto, é preciso lamentar a manifestação do presidente Jair Bolsonaro, ontem, nos EUA, ao considerar exagerada a repercussão de um episódio que tem o status de emergência internacional. Outra vez é preciso reafirmar que a população brasileira, em primeiro lugar, tem de acreditar nos especialistas e na ciência, que buscam sempre dar as melhores orientações e sopesar a proporção exata do quanto a sociedade precisa se preocupar de fato com o novo coronavírus.