Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo Parit S/A
Liga-se o rádio ou a TV aberta no Brasil e o que vem? Haveria uma expectativa de se ter um complemento educacional, algo valioso que se agregasse à cultura individual. Há música, dá até para achar coisas boas, mas não é o padrão. Há o esporte, quer dizer, o futebol em 90% dos casos, uma paixão que pouco educa, distrai apenas. Há novelas com pouco conteúdo educacional quando não o contrário, há “reality shows” em que uma amostra selecionada do nosso povo tem a oportunidade de mostrar quem somos na prática e dá pra ver o que falta.
A média da comunicação aberta no país não ajuda nossa educação. Daí a busca por conteúdo nas redes sociais. Ali há o que aprender para quem não é passivo de uma programação dos meios tradicionais.
Em educação, o Brasil, se não é o último, está ali por perto apesar de todos os recursos que despende: são R$ 49 bilhões nas universidades federais por ano, R$ 43 bilhões só em pessoal, com um custo por aluno formado em média entre o dobro e o triplo do custo de uma universidade particular. O total do orçamento do Ministério é algo em torno de R$ 100 bilhões.
Na educação básica, são investidos pelo governo federal R$ 24 bilhões, complementados por verba de municípios e Estados. Ou seja, há recursos significativos despendidos pelos contribuintes que deveriam ser compensados com mais retorno para o país. Entenda-se como retorno o nível médio de educação de seu povo que permita a ele conquistar avanços econômicos compatíveis. O conhecimento é o que vale na economia moderna.
Dias atrás, um renomado jornalista, em uma palestra, perguntou à plateia o que aconteceria com o Brasil se nossa população fosse trocada com a do Japão. Ele mesmo encaminhou uma resposta: não saberia o que ocorreria com o Japão preenchido por brasileiros, mas com o Brasil, repleto agora de japoneses, se teria em 10 anos a maior potência mundial. A causa óbvia é a diferença de educação entre os povos.
Em educação, o Brasil, se não é o último, está ali por perto apesar de todos os recursos que despende.
Muitos criticaram o jornalista, no entanto, independentemente do nosso orgulho de ser brasileiros, precisamos melhorar, porque passa o tempo e nossa sociedade empobrece por falta de capacidade de acompanhar e processar um mundo de intensas transformações que exige pessoas educadas.
Neste momento, a gestão do processo de educação dos brasileiros é algo decisivo e cabe a todos participar de forma crítica para aprimorá-lo. No entanto, o sistema reage de todas as formas, alegando que o que está aí deve ser mantido. Só que o que está aí “entra em último”, com a vantagem única de que ninguém nos passa.