Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
Alice quando escolheu visitar o País das Maravilhas, não avaliou a possibilidade de optar pelo Brasil. Repleta de contradições, nossa terra, rica e sempre promissora, dispõe de um elenco invejável de "maravilhas" comparável as da obra de Lewis Carroll. A ficção e uma série de aberrações permitem que alguém de fora que "caia" por aqui inicie imediatamente uma emocionante aventura. Vamos retroceder no tempo e analisar a pedra fundamental causadora de maravilhas nos últimos 30 anos: a carta de 1988. Pasmem, ela não foi escrita pelo radicalismo de um partido. Foi sim por congressistas eleitos de vários partidos contando-se com boa probabilidade de bom senso. Em época de fim de ditadura, talvez com um pouco de revanchismo, ali estavam sociais democratas em maioria tentando escrever algo digno. Não conseguiram e nossa Constituição inchou com diversos interesses e se tornou o substrato para tudo o que veio depois: um sistema formado por uma máquina pública, suas estatais e suas corporações desconectadas do interesse do país, pelos políticos e seus partidos famintos por recursos e cargos e por empresários, associados e tutelados por regras corporativas na defesa de seus interesses na incansável exploração do mercado Estado. Uma maravilha de construção que tornou o país campeão de corrupção e um perdedor em qualquer outra área.
Desta forma também ao capitalismo não seria dada oportunidade. Seria um sistema combatido e desprestigiado por políticas inflacionárias. No país das maravilhas haveria ainda uma grande preocupação com todas minorias, menos com a minoria dos melhores, pois em nome da igualdade, seria importante desprestigiar estes sujeitos já que eles podem estabelecer parâmetros diferenciados e evitar a mediocridade necessária para maravilhas serem implantadas paulatinamente na construção do atraso e o do mau desempenho.
No país das maravilhas o crime deveria compensar e o criminoso ser protegido. O cidadão contribuinte deveria ser convencido e receber doses de informação no nível determinado pelos monopólios bem construídos de mídia. A educação, universal, gratuita mas libertina, outra maravilha, estaria ao nível apenas de gerar diplomas não importando alguma capacidade comprovada de saber. Após eleições livres, existe um time tentando mudar isto e a reação é total, desproporcional a uma simples oposição democrática, e neste caso não me preocupam os estúpidos que são numerosos mas minoria, mas sim muita gente boa que não se dá conta que precisa ajudar o Brasil neste momento de mudança e não interpretar Alice, encantada com maravilhas...