Uma das melhores, se não a melhor notícia para os gaúchos neste início de ano, é a queda expressiva e sustentada dos índices de criminalidade no Rio Grande do Sul. Como se revelou esta semana, a reversão da epidemia de violência que chegou ao auge em 2017 guarda razões de sobra para demonstrar que um esforço concentrado e articulado entre diferentes esferas oficiais e a sociedade, com dedicação e forte compromisso das polícias, gera consequências concretas no combate ao crime.
Com raras exceções, como no caso de estelionatos, as estatísticas apontam para quedas significativas nos principais indicadores. O mais evidente é a redução dos homicídios, que recuaram 24,1% em 2019 – em Porto Alegre, foram 40% menos assassinatos, com média inferior a um por dia pela primeira vez em muito tempo. Mesmo que porventura a queda de homicídios também esteja associada a tréguas na guerra entre facções, outros indicadores que apavoram a sociedade gaúcha seguiram na mesma direção, como o de roubo de veículos, que recuou 31% no ano passado.
Apesar da tendência à reversão, os números da criminalidade no Estado ainda são inaceitáveis por qualquer perspectiva do mundo civilizado. Para se ficar no caso de roubo de veículos, são levados com violência mais do que 30 por dia no Estado – com concentração de 89,3% em 18 municípios. Os números já foram bem piores, mas seguem ruins.
Um dos fatores impulsionadores do crime longe de resolução é a questão dos presídios, que deixou o fundo do poço da selvageria de anos atrás mas que segue a demandar uma abordagem que envolva mais ativamente todos os poderes do Estado, o governo federal e a iniciativa privada. A colaboração entre todas as esferas com alguma responsabilidade na segurança coletiva é decisiva para que o crime volte a patamares minimamente aceitáveis. Outra lição de casa ainda por se colocar em prática é a efetiva implementação da Lei de Incentivo à Segurança, que tem potencial de representar um golpe decisivo e definitivo contra a criminalidade.
A segurança deve ser a prioridade número 1 das autoridades. A proteção da vida e a garantia da tranquilidade coletiva estão na origem de todas as demais prioridades, a começar por saúde e educação, que dependem de um ambiente de paz para gerar seus frutos. Mais segurança, como bem identifica o governador Eduardo Leite, também evita a fuga de talentos, atrai investimentos e, consequentemente, gera mais empregos e renda, criando um círculo virtuoso que previne e combate a criminalidade. Por tudo isso, em vez de produzir qualquer acomodação, o recuo do crime iniciado no governo Sartori deve representar um estímulo ainda maior às polícias e autoridades para que o Rio Grande do Sul venha a ser um porto seguro e de alta qualidade de vida para seus habitantes.