Por Sebastian Watenberg, presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul
O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto foi instituído pela ONU em 2005. O dia 27 de janeiro, em 1945, marca a liberação do campo de extermínio nazista Auschwitz-Birkenau. Em 2020, completam-se 75 anos desta data. Ao longo de três quartos de século, aprendemos que devemos tornar a mensagem do Holocausto universal. E, para evitar que este se repita, devemos nos unir às demais minorias e lutar contra todo tipo de opressão. Afinal, o ódio não se extinguiu naquele inverno europeu de 1945.
O racismo ainda é uma mazela da nossa sociedade. Ainda há muito a se fazer para que a comunidade negra conquiste mais espaços na sociedade; o ódio contra a população LGBT se traduz em constante violência psicológica e física; as religiões afro-brasileiras ainda são motivo de piadas socialmente toleradas; agressões físicas a judeus chegaram a níveis alarmantes no ano passado. E poderíamos aqui citar uma série de outras minorias que sofrem, diariamente, opressões e violências de todo tipo.
Não temos a opção de ficar apenas observando. Quando silenciamos, o caminho da intransigência se fortalece. Quando ignoramos ou insistimos em diminuir um sofrimento, o terreno mais cruel se consolida. A fórmula para combater a intolerância que nos foi legada pelo filósofo Karl Popper é simples: “a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles”. Devemos, portanto, ser intolerantes com os intolerantes.
O ódio se baseia em falsas hierarquias, que por ignorância ou má-fé, são disseminadas na sociedade. Neste particular, é nosso dever educar as novas gerações para o respeito ao próximo e às suas escolhas de ser quem se é ou propagar a sua fé. Neste ano, mais uma vez, nós lembramos! Porque lembrar é o primeiro passo para não esquecer. Em nome de todas as vítimas do ódio e da discriminação, jamais esqueceremos!