Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A sociedade gaúcha tem consciência da crise estadual, construída por leniência sociopolítica associada a uma cultura que dificultou a formação de agendas convergentes para um futuro melhor para todos. Hoje, percebe-se que mudanças são necessárias. Um contexto evolutivo começou no Governo Sartori, com a sua franqueza e disposição de encarar o problema. Está sendo continuado sob a liderança do governador Eduardo Leite, com o apoio da base formada na Assembleia Legislativa (que aprovou 39 projetos importantes) e a confrontação aos interesses corporativos. Ainda, com a iniciativa do Cresce RS, onde Legislativo e Executivo protagonizam ações estruturantes a favor do Estado, incluindo a aprovação de um orçamento realista para 2020.
A agenda prioritária é restaurar o equilíbrio fiscal e impulsionar o desenvolvimento com racionalização dos gastos públicos, modernização da estrutura de arrecadação, execução de um programa de desestatização e parceria com o setor privado visando a equilibrar as finanças, conter o crescimento das despesas com pessoal e atacar a causa dos déficits e o crescimento dos gastos. Neste contexto, estão a modernização das carreiras dos servidores, as privatizações, as concessões e a adesão ao regime de recuperação fiscal. Iniciou-se o combate ao excesso de burocracia nos serviços públicos e a atualização do Código Ambiental para promover investimentos sustentáveis e reduzir a insegurança jurídica.
2020 é o ano da continuidade das reformas administrativas e do enfrentamento às corporações no ambiente das eleições municipais, em que o risco é termos os interesses da sociedade subordinados à sustentação de políticos e a fragilização da base parlamentar na sua motivação de reestruturar o RS para um futuro melhor. Este futuro ainda está longe e dependerá da união convergente e persistente das forças políticas e sociais numa agenda de desenvolvimento que encare o corporativismo. Também esperamos que as eleições municipais resultem na escolha de atores dispostos a combater a crise em que vive a maioria das cidades gaúchas. A insolvência que temos é legado do modelo político do patrimonialismo clientelista populista. Portanto, o exercício pleno de cidadania política é fundamental para nos libertar da escravidão de um Estado falido, que muito nos retira e tanto se limita nas devoluções sociais.