Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A evolução do cenário de mudanças e a atenuação da política patrimonialista, clientelista e populista - cujas bases começam no município e se desdobram nos níveis estaduais e federais - dependerão das eleições para prefeitos.
O município é a unidade federativa mais próxima do povo e onde se deve concretizar a democracia participativa. É no município que a população tem mais acesso ao poder local, podendo atuar diretamente no exercício do controle social, reivindicar transparência e cobrar dos gestores cada atividade ou ato público. A ação de cidadania política participativa das lideranças sociais municipais no processo eleitoral deve começar desde já, debatendo a situação da cidade, seus problemas, sua gestão e dificuldades, formando proposições evolutivas que visem a uma gestão eficiente e eliminando os obstáculos da chamada "velha política" e das práticas coronelistas - que sustentam imensas câmaras de vereadores, estruturas de secretarias municipais e cargos de confiança ocupados por "amigos" sem qualificação funcional. O foco deve ser a melhoria da eficiência com redução de gastos que reverta em melhores serviços prestados à sociedade.
A sobrevivência do atual modelo de gestão ocorre pela falta - ou pela omissão - de lideranças inclusivistas que tenham o propósito de buscar o melhor para a sociedade; no geral, estão mais focadas em culpar ou em reclamar dos outros, e esquecem que todos (e cada um de nós) somos parte do problema e da sua solução. É necessário um papel ativo da cidadania política municipal como mecanismo de concretização da democracia para tornar o poder público suscetível às demandas sociais, visando a uma ambiência de desenvolvimento sustentável, com menos desigualdades. Este processo deve se iniciar imediatamente, com um diálogo empático e mobilizador para propor e controlar a máquina pública no seu papel de atender à sociedade, tirando-a das mãos daqueles que exercem o patrimonialismo clientelista populista. A ação de cidadania política das lideranças será fundamental para se ter municípios com melhor qualidade de vida e desenvolvimento, pois este futuro depende de nós e passa, necessariamente, pela nossa organização e participação no controle social, além do nosso voto em atores políticos qualificados.