Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
Um país modernamente desenvolvido, que almeja uma sociedade com mais qualidade de vida e menos desigualdades sociais, só cresce se promover uma ambiência empreendedora sustentável que equilibre os fatores econômicos, sociais, ambientais e políticos. A democracia representativa, cada vez mais participativa e focada na inclusão, exige que a administração pública cumpra o papel de indutora do bem-estar social. Mas o Brasil, historicamente, é um estado interventor, burocrático, com um custo maior do que a sociedade pode suportar e governado pelo patrimonialismo clientelista populista da "próxima eleição". Este contexto desestimula a geração de empregos, a competitividade sistêmica e o crescimento econômico necessários à inserção na economia globalizada. Uma comparação internacional mostra que o Brasil ocupa a 140ª posição quando o quesito é facilidade para iniciar um negócio, 175ª na burocracia, 137ª quando a meta é registrar propriedades intelectuais, 99ª na facilidade de crédito, 184ª na complexidade tributária e 106ª se o tema for barreiras tarifárias e abertura para o mercado globalizado.
O imenso custo Brasil só pode ser enfrentado com reformas paradigmáticas em relação à burocracia, ao papel do estado, à educação, à infraestrutura e à capacidade de investir, além das reformas da previdência e tributária. Uma reestruturação administrativa baseada na digitalização do Estado em todos níveis (poderes e entidades com uma base de dados única) promoveria agilidade, um amplo controle social e eficácia na governança nacional. Isto exige enfrentar a burocracia estatal, suas corporações e uma gestão baseada em poderes desacreditados, desvinculados das necessidades sociais e focados na sua autopreservação. Lideranças e setores empreendedores na ação de cidadania política devem provocar um amplo debate visando a soluções disruptivas para que o Brasil possa crescer, ao menos, 6% ao ano. Precisaremos de ousadia e capacidade política para enfrentar a dominância corporativista e as ideologias ultrapassadas, para gerar empregos e serviços públicos qualificados. Sem um debate objetivo e frontal, continuaremos subordinados aos interesses das corporações e das minorias dominantes. Um Brasil acima de tudo e de todos é uma utopia que tem que ser construída porque, até aqui, esse Brasil não existe e estamos ainda longe de alcançá-lo.