Por Lessandra Michelin, infectologista e diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia
Os coronavírus são uma grande família de vírus, conhecidos desde 1960, que causam infecções respiratórias semelhantes a um resfriado comum em seres humanos e em animais. Um novo coronavírus, chamado de 2019-nCoV, foi identificado como agente causador de pneumonias graves a partir de 31 de dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, província de Hubei, China. Atualmente, mais de 500 casos foram reportados envolvendo países da Ásia e os Estados Unidos, todos com história de viagem a Wuhan.
Os sintomas da infecção por 2019-nCoV são febre, tosse, falta de ar, que pode evoluir para pneumonia e insuficiência renal. Estão sendo considerados casos suspeitos pessoas com sintomas respiratórios que tenham viajado nos últimos 14 dias para a China ou local de casos confirmados. A transmissão pode ocorrer por contato com animais que são reservatórios, ou de pessoa para pessoa através de secreções respiratórias.
Não existe tratamento específico para a doença causada por um novo coronavírus, somente medicamentos para aliviar os sintomas. Como foi identificado em 07 de janeiro de 2020, ainda não há vacina. Assim, nossa grande arma contra o vírus é a higiene das mãos e a etiqueta respiratória (ao tossir ou espirrar, lavar as mãos, e não tocar nos olhos, nariz e boca). Manter práticas alimentares seguras e evitar contato próximo com pessoa suspeita de infecção respiratória também é importante.
A população necessita ficar alerta sobre medidas preventivas e buscar cuidados médicos imediatos caso inicie com sintomas respiratórios após ter estado em local onde estão ocorrendo os casos. Não há motivo para pânico, mas a higiene correta e frequente das mãos é fundamental para prevenir essa e outras doenças transmissíveis. Desde o dia 3 de janeiro de 2020, quando o Ministério da Saúde do Brasil foi informado dos casos de pneumonia grave na China, ações têm sido feitas para identificação precoce dos casos e orientação para vigilância no país, além de medidas de prevenção e controle de portos, aeroportos e fronteiras. Até o momento, nenhum caso suspeito foi confirmado no país (atualização: o primeiro caso foi confirmado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira, 26 de fevereiro).