O fato de o mês passado ter sido o melhor novembro desde 2010 na geração de postos de trabalho com carteira assinada é, sem dúvida, a melhor notícia para o país neste ano que se encerra. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou um saldo positivo de 99,2 mil vagas formais, dando novos indícios de que a desocupação, preo-cupação número 1 do país, começa a ceder de forma um pouco mais consistente, embora ainda sem a velocidade desejada.
No início de crises, a ocupação normalmente é o último indicador a recuar e, quando uma recuperação da economia se inicia, a retomada também é mais lenta
As persistentes altas taxas de desemprego, um legado da recessão em que o país mergulhou no curto segundo mandato de Dilma Rousseff, não foram revertidas pela gestão Michel Temer, mas, após nove meses consecutivos em que o número de admissões supera o de demissões, é possível cultivar a esperança de que 2020 marque uma inflexão, com o fortalecimento do mercado de trabalho. As estatísticas do Caged semeiam esperança, mas também é preciso certa dose de cautela. Enquanto o comércio e os serviços dão sinais de maior apetite para contratar, algo que também é típico da época, a indústria permanece demonstrando resultados mais fracos.
No início de crises, a ocupação normalmente é o último indicador a recuar. E, quando uma recuperação da economia se inicia, a retomada também é mais lenta. O mais importante, porém, é a certeza de que a curva da geração de empregos, agora, aponta para cima. Mesmo assim, não é possível esquecer que um enorme contingente de brasileiros ainda vai passar as festas de fim de ano, um momento que deveria ser de alegria, atormentado pela falta de renda, sem meios de sustentar a si e suas famílias. Ainda são 12,4 milhões de pessoas que buscam uma colocação, fora outros 4,6 milhões de desalentados, que nem sequer reúnem ânimo para tentar uma ocupação.
A expectativa de uma economia mais dinâmica em 2020 cria a perspectiva de que uma quantidade cada vez menor de pessoas passe pelo drama humano que existe por trás dos números frios das planilhas. Contribuem ainda para essa tendência os efeitos da reforma trabalhista empreendida na gestão Temer e as iniciativas do governo Jair Bolsonaro que tentam criar um melhor ambiente para os negócios, como desregulamentações e desburocratizações. Mas ainda há muito a fazer, a começar pela desoneração da folha de pagamento, perseguida obstinadamente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Diante das resistências à substituição dessa taxação perversa sobre o emprego, a questão terá de ser solucionada na obrigatória reforma tributária que se avizinha e precisa ser feita logo no alvorecer de 2020.