Por João Sanzovo Neto, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras)
O setor supermercadista brasileiro está mobilizado na defesa da venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) nas 89 mil lojas de autosserviço do Brasil, por acreditar que esse processo faz parte da evolução do mercado consumidor. Entendemos que essa é uma forma de proporcionar que os medicamentos seguros estejam mais facilmente disponíveis em caso de necessidade. A Abras jamais apoiaria qualquer medida que colocasse em risco a saúde dos brasileiros. Investimos em pesquisas e tentamos ouvir representantes do setor farmacêutico e órgãos reguladores para que tudo seja feito com transparência e responsabilidade. Os supermercados lidam diariamente com produtos perecíveis e sensíveis, e passam por detalhadas fiscalizações da vigilância sanitária. Os MIPs são extremamente seguros, tanto que sua venda nas farmácias é livre e não exige a apresentação de receita médica, por isso sua exposição nas gôndolas não possui qualquer restrição.
Todos os dias passam pelos supermercados brasileiros cerca de 28 milhões de pessoas. Ao analisar a realidade de várias localidades do Brasil, em muitas cidades pequenas, é necessário se deslocar por quilômetros para ter acesso à única farmácia disponível e, muitas vezes, há um mercadinho na região que poderia suprir a necessidade da população local. Os supermercados comercializaram os MIPs de 1994 a 1995 e, de acordo com levantamento do Hospital das Clínicas da USP, não ocorreu aumento do número de intoxicações naquele período. Além disso, os preços de muitos medicamentos caíram até 35%, de acordo com pesquisa da A.C. Nielsen, com destaque para os analgésicos e antitérmicos.
A comercialização de medicamentos isentos de prescrição em supermercados será um importante avanço para o Brasil, e já é uma realidade em vários países, como Estados Unidos, Canadá e Noruega, entre outros. Hoje, cerca de 22% dos municípios no Brasil têm apenas uma farmácia, podendo praticar quaisquer preços por falta de concorrência. As farmácias estão se tornando lojas de conveniência, e já vendem, além de remédios, ração, brinquedos, produtos de limpeza, alimentos e chinelos, entre outros itens. Não queremos que as farmácias tenham seus direitos restringidos, mas seguiremos lutando por um mercado mais igualitário, que possa gerar melhor competitividade. Reiteramos nosso compromisso com os brasileiros na oferta de medicamentos seguros e faremos isso com responsabilidade e transparência.