Por Geder Parzianello, professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
O setor do agronegócio tem razões suficientes para comemorar o encontro dos países que formam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizado nos dias 13 e 14 de novembro, em Brasília (DF). O bloco precisa ser visto como positivo em função do comércio entre os países do grupo e não apenas em função da força que teria como moeda de troca nas relações comerciais com os países de fora do bloco.
O crescimento econômico da China e da Índia, os dois países mais populosos do bloco, deve impulsionar o comércio de alimentos no mundo e isso interessa muito de perto o Brasil, pela força que nosso país tem no setor produtivo primário, já que não somos um país ainda em condições de disputar mercados industriais e de novas tecnologias.
Precisamos dizer ao mundo e ao Brics que temos interesse na troca deste mercado consumidor em função de nossa força produtiva agrícola e que somos um bom parceiro comercial. Esta visão foi apresentada esta semana a parlamentares brasileiros dentro do projeto Interlegis, do Congresso Nacional, e que objetiva a atualização do legislativo com as questões contemporâneas: "O Legislativo Moderno e Integrado".
Nas próximas décadas, o mundo vai produzir mais alimentos e o Brasil precisa aproveitar este momento histórico. Metade do consumo de carne suína no mundo já é hoje da China. Isso interessa muito de perto ao nosso país. Como interessa a parceria, principalmente com a China e com a Índia, já que estes dois países, juntos, estão formando mais de 60% dos profissionais em tecnologia e inovação do mundo e precisamos fazer parte deste mercado.
Ainda temos muitos desafios pela frente como a reforma tributária e o enfrentamento ao desemprego (não apenas o desemprego formal, mas os subempregos e a economia informal que representam hoje uma estimativa de que 65 milhões de pessoas no país ainda estejam sem renda formal). Precisamos outras reformas para voltar a crescer, mas o Brics é, sem dúvida, um caminho que não podemos desprezar porque nos faz reconhecer (e obriga o mundo a admitir) que estamos no lugar certo, na hora certa.