Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
Bill Gates e Steve Jobs nunca se preocuparam em contar parafusos! Agora vamos para o texto.
Na medida em que empresas atingem determinado porte, qualificam seu processo gerencial com a adoção dos chamados conselhos de administração, estruturas situadas acima das diretorias executivas e que compõem a principal instância decisória.
Grande parte dos empreendimentos tem origem familiar e ao longo dos anos, demandam melhorias em seus modelos de gestão para se perpetuarem. O mundo econômico em constante mutação impõe continuados desafios.
Há também as questões sucessórias e as mudanças de gerações, quando frequentemente são buscados profissionais no mercado que irão mesclar-se com a estrutura familiar. É normal que se constituam conselhos e seus fundadores ascenderem para estes órgãos.
Criados, sua organização e seu funcionamento são complexos e performando mal viram apenas centros de custos. Devem ser compostos por profissionais experientes e com especializações complementares, levando em conta as particularidades de cada firma. Implantados, interagem com a diretoria executiva que é responsável pelo dia a dia e pela implementação de diretrizes estratégicas por eles fixadas. O cumprimento de metas, estratégias e regulamentos, além da interação entre diretorias e conselhos é abrangido por um conceito amplo que se denominou governança corporativa.
Implantado e com o time escalado, aparentemente o conselho está pronto para começar. Por outro lado, essa é a parte mais fácil, embora não seja fácil. Iniciado, o maior desafio é fazer esta estrutura operar adequadamente e alcançar os resultados esperados por seus sócios. Como qualquer time, não basta escalar, tem que fazê-lo jogar. A falta de uma adequada dinâmica de funcionamento pode comprometer os resultados esperados e transformá-los em estruturas caras e burocráticas. Erros em suas dinâmicas não raro comprometem os resultados.
O acompanhamento da performance da empresa é importante por parte dos conselhos, mas deve ser visto apenas como um insumo para decisões estratégicas: a visão prospectiva e estratégica dos conselhos é fundamental para a definição dos rumos das empresas.
Voltando a Gates e Jobs, certamente eles gastaram a maior parte de seus tempos em tentar enxergar suas empresas em um tempo futuro. Talvez Jobs quando faleceu já deveria ter pensado no iPhone 28....
Portanto, conselhos devem ter foco na dinâmica de trabalho entre seus integrantes, sob pena de invalidar esforços e custos.