Por Michel Gralha, advogado
Há algum tempo escrevo para esta coluna sobre temas que, de alguma forma, deveriam ser refletidos pelos cidadãos. São desde problemas do cotidiano, críticas ao tamanho do Estado, até questões políticas que emperram a vida das pessoas, tornando mais difícil o desenvolvimento econômico do nosso País.
São opiniões pontuais, sem direcionamento aos seus agentes. Até porque, muitos destes agentes são frutos das nossas escolhas e não deveríamos reclamar, e, sim, escolher melhor quem "nos governa". Neste sentido, além de criticar, sempre busquei propor alternativas e conduzir minhas ações para uma melhora do ambiente em que vivo, pois escrever é fácil, difícil é entregar. Difícil é sairmos da nossa zona de conforto e fazermos algo que realmente mude o "status" das coisas, altere uma realidade, resulte na melhora da sociedade.
Pois bem, nesta linha escrevi meus artigos consciente de que sempre que há um julgamento, há uma potencial reação. Nos últimos anos, com o governo de esquerda, estatizante e envolvido em escândalos de corrupção, a cada artigo vinham as críticas pesadas e radicais. Muitas sem nenhuma lógica ou razão, apenas para marcar território. Naquele momento, inocentemente, poderíamos pensar que isto era o radicalismo marxista, que não permite o contraditório, a troca de ideias. Ledo engano. Hoje, a qualquer crítica, temos movimentações semelhantes. Ataques enraivecidos e sem profundidade. Neste cenário, fácil concluir que, infelizmente, vivemos a era da agressão digital, onde bater a porta virou "sair do grupo do WhatsApp".
As pessoas passaram a ter supostas intimidades e se abastecer com tanta informação (verdadeiras e falsas) que se tornaram especialistas em absolutamente tudo. Discorde e perca um amigo, um contato ou seguidor ou receba um e-mail desaforado. Os grupos ficaram chatos e tão homogêneos que passamos a falar para os iguais e se discordarmos: "imposição ou morte"!
Triste fim a que chegamos. Hoje pensamos duas vezes antes de expor ideias, e isto é inaceitável. Assim não formaremos cidadãos. Sejamos mais cordiais e inteligentes para debater, caso contrário, as novas gerações serão ainda mais intransigentes.