Por Fernanda Melchionna, deputada federal (PSOL-RS)
Foi só quando São Paulo escureceu às 15h na última terça-feira que enfim a luz de alerta foi acesa: o Brasil estava em chamas. O Instituto Nacional de Meteorologia e de Química da USP confirmou que parte das partículas de fumaça encontradas no céu paulistano tinham origem nos incêndios da região amazônica assim como a água da chuva que ficou turva devido ao material tóxico oriundo das queimadas.
Diante dos olhos e sob a cabeça da população de uma das maiores cidades do mundo enfim restou comprovada a dimensão do crime ambiental que representam as queimadas na Amazônia, consequência direta do processo de desmatamento intensificado pelo governo Bolsonaro. Não é à toa que os dez municípios da região amazônica com mais focos de fogo registrados são os mesmos com maior índice histórico de desmatamento segundo o Instituto de Pesquisas da Amazônia.
O que esses dados revelam é a gravidade da política anti-ambiental de Salles e Bolsonaro que visa fortalecer setores do agronegócio sem qualquer compromisso com a sustentabilidade enquanto atacam comunidades indígenas, acusam ONGs de proteção ambiental pelos incêndios criminosos e criam fake news para desmentir o aumento do desmatamento no país. A perseguição ao ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais por ter divulgado dados sobre o aumento de 88% nos índices de desmatamento na Amazônia em comparação a julho de 2018 é a demonstração clara disso.
O mundo assiste estarrecido às queimadas que já devastaram mais de 20 mil hectares de vegetação. Além das perdas ambientais, que por si só já são uma grande tragédia, é alarmante a posição de países europeus que cogitam boicotar produtos brasileiros enquanto o governo não reafirmar compromisso com a preservação do meio ambiente. Precisamos reagir a essa devastação ambiental desenfreada para não chegarmos em um ponto de não retorno. Não temos um plano B. Nem um planeta B. A chance de evitar uma tragédia ainda maior é somente agora, antes que todo país vire uma eterna escuridão.