Por José Paulo da Rosa, diretor regional do Senac-RS
Estou em Kazan acompanhando a maior competição de educação profissional do mundo, a 45ª WorldSkills Competition que acontece na Rússia, até 27 de agosto. São cerca de 70 países e 1,6 mil estudantes apresentando suas habilidades em 65 ocupações profissionais. A competição, que acontece a cada dois anos, tem representantes brasileiros –alunos do Senai e do Senac que têm conseguido dar orgulho ao país.
Sempre nos posicionamos entre os primeiros. Na edição de 2015, a única realizada no Brasil, ficamos em primeiro lugar com a maior pontuação dentre todos os países presentes, muitos deles grandes potências como Alemanha, Japão e Reino Unido. Esse desempenho é ainda mais importante quando observamos o resultado do país no PISA 2015. Nesse mesmo ano em que tiramos o primeiro lugar na WorldSkills, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aplicou o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes a alunos de escolas públicas e privadas, com 15 anos, de 70 países, nas áreas de matemática, ciências e leitura. O Brasil ficou na posição 63, o que demonstra a baixa qualidade da educação básica nacional.
Em contraponto, pelo menos, a educação profissional, representada pelo Senai e pelo Senac, vai muito bem. Mas, em breve, quando recuperarmos nossa economia, vivenciaremos novamente um apagão na oferta de trabalhadores qualificados, uma vez que não possuímos profissionais suficientes com a educação formal compatível com as exigências do mundo do trabalho. Nesse cenário, a educação profissional é imprescindível para minimizar esse efeito, corrigindo, em menos tempo, as distorções ocasionadas pela baixa qualidade da educação formal brasileira.
Na situação atual, com altos índices de desemprego, esse problema não recebe destaque. Contudo, assim que o ciclo mudar e a economia se recuperar, mais uma vez enfrentaremos essa dificuldade. A Copa de 2018 foi na Rússia e o desempenho do Brasil não foi dos melhores. Esse torneio, de novo na Rússia, trata da educação profissional e será importante para que o Brasil seja percebido de forma positiva. É a Copa do Mundo da educação que de fato importa.