O tuíte de Emmanuel Macron é grave, eleva a tensão que já existia sobre a Amazônia a status de crise internacional. O presidente francês amalgamou as centenas manifestações de celebridades e de anônimos que se manifestaram pelas redes sociais ao longo desta quinta-feira (22). Líder política da União Europeia (UE), a França tomou a dianteira em nível estatal. Uniu a comunidade internacional para algo que, até então, estava apenas na mídia e nas redes sociais. Agora, é assunto de Estado.
O apelo de Macron — "Nossa casa está queimando" — abre margem para sanções políticas e econômicas ao Brasil. Mas, por enquanto, a prioridade deverá ser oferecer ajuda internacional — especialistas e equipamentos para apagar o fogo.
Não é incomum líderes nacionalistas rejeitarem apoio diante de tragédias temendo ingerência em assuntos internos: a Rússia, de Vladimir Putin, é conhecida por rejeitar ajuda externa em casos de desastres. O Brasil, que já deveria estar com as Forças Armadas em peso tentando apagar os focos de incêndio, não pode se dar ao luxo de rejeitar auxílio externo: a Amazônia é nossa, mas é também da humanidade, importante lembrar.
O encontro do G7 já estava previsto para ocorrer no próximo sábado e domingo no Hotel du Palais de Biarritz, na França, mas a Amazônia não estava na pauta. É constrangedor para o Brasil se tornar o principal assunto, sendo que sequer participamos deste fórum, que reúne as sete nações mais ricas do planeta mais a UE como bloco.
O acordo entre Mercosul e UE, a principal vitória até agora da diplomacia do atual governo, está ameaçado. Há cláusulas importantes de respeito ao ambiente que, aos olhos do mundo, o país não está cumprindo. A situação já estava feia para o Brasil depois de o presidente Jair Bolsonaro falar grosso com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e com o governo norueguês por conta da suspensão da verba para o Fundo da Amazônia. Agora, se deteriorou com boa parte da Europa.