Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
O nível de desenvolvimento de um país está atrelado à abertura da sua economia interna e à sua inserção na economia globalizada, onde as políticas de relacionamento internacional são fundamentais. O Brasil optou por uma política de protecionismo, com um estado interventor para desenvolver as cadeias econômicas, em vez de buscar uma ambiência competitiva, como fazem estados modernos indutores de um empreendedorismo sustentável.
Nosso relacionamento internacional foi dominado por questões ideológicas, com benesses e acordos com países de baixo potencial de retorno para os nossos interesses. Fomos classificados como o terceiro país mais fechado do mundo. Os primeiros passos da mudança na nossa política externa visando ao desenvolvimento foram nossa integração à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o acordo comercial entre Mercosul - União Europeia. Estas iniciativas abrem portas para relacionamentos que precisarão ser acompanhados como um dever de casa, na busca pela competitividade sistêmica capaz de nos fazer ganhar espaço em transações de importação e exportação. Significa reduzirmos o “custo Brasil”, sem o quê não atingiremos os resultados esperados.
Em linhas gerais, este acordo vai alavancar áreas do agronegócio onde já temos competitividade e impactar negativamente várias cadeias econômicas industrializadas incapacitadas de competir globalmente. A fim de criar uma política de competitividade sistêmica, o Governo deve trabalhar temas dispersos de forma integrada, como reforma tributária, desburocratização, insegurança jurídica, redução do tamanho do estado (custo e caráter intervencionista), infraestrutura e logística, inovação, educação, custo de capital, política cambial, meio ambiente e licenciamentos, subsídios, etc. Estas mudanças não podem ser maquiagens regulatórias, mas reformas paradigmáticas planejadas para trazer vantagens competitivas em relação aos países com os quais teremos uma relação de comércio crescente. A ruptura com o modelo anacrônico atual (dominado pelas corporações) provocará reações de autopreservação, como a que está acontecendo com a operação Lava Jato, em que uma engenhosa articulação tenta descaracterizá-la, desmerecendo o resultado obtido: o encarceramento de reconhecidos corruptos.
As entidades empreendedoras devem ter um papel propositivo a favor de soluções supracorporativas, visando à ambiência empreendedora sustentável que dinamize uma economia competitiva respaldada por um estado indutor do bem-estar social e provedor de serviços essenciais de qualidade.