Por Juliano Franczak, o "Gaúcho da Geral", deputado estadual (PSD)
A Copa América comprovou o que já sabíamos: o futebol moderno virou o futebol da exclusão. Acabam com a avalanche, proíbem a festa, renegam a cultura de arquibancada, encarecem os ingressos, elitizam o esporte do povo e tiram as camadas sociais menos favorecidas dos estádios. Foi lutando para enfrentar essa lógica injusta que protocolei o Projeto de Lei "Futebol para Todos".
O projeto consiste nos clubes disponibilizarem, no mínimo 5% do total de ingressos comercializados para o público não sócio, para as pessoas em situação de baixa renda. Essas entradas terão o custo de até 20% do valor cheio cobrado pelo ingresso mais barato disponibilizado ao público não sócio.
O intuito deste projeto de lei não é diminuir a fonte de renda dos clubes, nem obrigar as instituições a aumentarem os preços dos ingressos para compensar os mais baratos, mas sim disponibilizar para as classes sociais mais baixas os assentos que ficam vazios nos estádios. No Gauchão deste ano, por exemplo, a média de ocupação foi de apenas 23%, com média de 5.261 torcedores por partida. Ou seja, essa iniciativa será benéfica para todos os envolvidos no processo.
O futebol é patrimônio cultural no Rio Grande do Sul e o torcedor é o maior patrimônio do futebol. Os nossos clubes levam milhares de torcedores aos estádios e mudam a rotina dos gaúchos. Na última década, a modernização trouxe a melhora da estrutura, mais conforto, segurança, organização, o que é extremamente positivo. Porém, também abriu as portas para a elitização do nosso esporte mais tradicional.
O amor pelo futebol não tem classe social e, infelizmente, os menos favorecidos estão sendo excluídos dos estádios. Em trinta anos vivendo intensamente a arquibancada, posso afirmar que o povo está cada vez mais afastado. É dever do Poder Público enfrentar esse triste fenômeno e lutar por inclusão no esporte. Meu projeto de lei luta pela volta da arquibancada mais democrática no Estado, com a presença de torcedores de todas as camadas sociais, vivendo e torcendo por seus times.