Por Carla Rojas Braga, psicóloga, psicoterapeuta
Com as novas normas para posse de armas, surgiram novas preocupações. Como bandidos nunca precisaram da lei para ter armamentos, agora, quem vai poder comprar armas para se defender da criminalidade são os cidadãos comuns. Sendo assim, a preocupação com a convivência de armas e crianças no mesmo recinto é uma questão atual. Quando eu era criança, era comum as pessoas terem armas em casa. Principalmente em casa de caçadores, como eram vários homens da minha família. Nunca nenhuma criança mexeu naquelas armas. As regras sempre foram claras. Crianças não mexiam nelas porque podiam morrer ou matar alguém.
As armas ficavam guardadas em local sabido por todos. Mas, naquela época, uma série de regras e hierarquias eram mais claras. Acho que tudo ficava mais fácil assim, para todos. No Brasil, de uns anos para cá, entretanto, criou-se a cultura de que quem segue as regras é trouxa, que bacana é o malandro. Em muitas famílias, crianças não são ensinadas a seguir leis e regras, mas a serem "malandrinhas".
Vivemos numa era da relativização de tudo, como se não existisse mais certo e errado, mas a hierarquia e autoridade dos pais são extremamente importantes na estrutura da família e na formação da personalidade das crianças. Pai é pai, amigo é amigo. Pais dizem não, orientam e são os que mandam em casa. Não existe a confusão entre ser autoritário e ter autoridade, isso é claro. Pais são autoridades e filhos precisam acatar as determinações dos pais e da lei.
Como fazer para ter armas e filhos em casa? Orientar, controlar e cuidar. Os pais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de práticas seguras e, em última análise, são responsáveis pelo comportamento e pela segurança de seus filhos. Lições e conceitos isolados podem ser rapidamente esquecidos, mas com a repetição, as crianças se lembram dos procedimentos de segurança.
Para ter uma arma, você precisa ter saúde mental, bom senso, maturidade, responsabilidade e inteligência. Para ter filhos também.