Por Michel Gralha, advogado
Nas eleições passadas, o brasileiro demonstrou, através do voto, que estava disposto a viver novos desafios políticos e econômicos. Com os resultados, ficou evidente que a velha forma de fazer política, com conchavos e troca de favores, tinha cansado a população e que era hora de mudanças profundas. As promessas populistas e prioritariamente estatais deram lugar a propostas mais liberais e de mercado. Assim, aqueles que realmente produzem por aqui, renovaram suas esperanças de que uma nova era se iniciava. Prova disso, era a melhora dos índices de confiança da população e dos investidores.
Expectativas altas e o ano começou! Finalmente achávamos que tínhamos encontrado a solução para a falta de perspectiva. Mas, infelizmente, as coisas não estão neste caminho. As ideias liberais são propostas, mas a máquina pública insiste em lutar contra. A mudança de privilégios da minoria barulhenta não permite que consigamos fazer alterações profundas. Os maiores exemplos são a reforma da Previdência e as privatizações. Todos sabemos da importância destes temas, mas, por outro lado, sabemos também da enorme força contrária que grupos, por interesse, desconhecimento ou receio de um país melhor, insistem em fazer para criar obstáculos e derrubar ou adiar a aprovação de planos tão importantes e que ajudariam a destravar a economia, com novos investimentos, emprego e renda.
E por que temos isso? Simples, interesses políticos/partidários distintos à necessidade do brasileiro. No que é positivo, não aprovam porque não querem ajudar o partido que está no poder, e no que é negativo, aprovam para prejudicar o partido que está no poder – obviamente, se não forem o seu ou de suas gigantescas coligações. Que sistema terrível que criamos! Aqueles que têm o dever de zelar pelos nossos direitos, acabam zelando pelo direito próprio de se manter no poder.
Enfim, se dependermos de políticos para tudo, estaremos próximos do fim. Toda a mobilização terá sido em vão. Não podemos ser uma gota de óleo na chapa quente, que faz muito barulho e depois não significa nada. Precisamos de mudanças estruturais, caso contrário, mudaremos sem mudar nada.