A redução das taxas de homicídios em 24 das 27 unidades da federação em 2018, e o Rio Grande do Sul inclui-se entre os Estados favorecidos por queda, é uma notícia animadora para o país, embora as estatísticas da criminalidade continuem elevadas. Mesmo com a redução, foram 51.589 assassinatos, o que significa uma taxa de 24,7 mortes a cada 100 mil habitantes, conforme dados do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ainda assim, os resultados são importantes para a definição de estratégias, pois permitem aos gestores da área uma avaliação do que vem ou não dando certo no combate à criminalidade.
Na análise dos dados, é importante levar em conta que, em 2017, ano usado como base de comparação no levantamento divulgado agora, havia sido registrado um número elevado de mortes em presídios, em consequência de rebeliões. Além disso, grande parte da queda está ligada à guerra de facções. Essa particularidade pode indicar que as organizações consolidaram territórios, impactando os números.
O Rio Grande do Sul aparece no ranking com uma redução de 18,3% no número de vítimas de crimes violentos em relação a 2017. Assim como ocorre em âmbito nacional, a queda no Estado, divulgada no governo atual, deve-se aos esforços empreendidos no anterior. Mais exatamente, à gestão do ex-secretário de Segurança Pública Cezar Schirmer. Entre as justificativas, estão a maior ênfase no uso da inteligência e a coordenação de esforços para enfrentar melhor as carências das polícias civil e militar. Contribuiu também para os ganhos a aproximação com a iniciativa privada, que vem fazendo doações importantes para reequipar os organismos de segurança.
O levantamento precisa servir não para comemorações da redução da violência, mas como ponto de partida para os governantes persistirem nas ações que vêm dando resultados.
É importante que a integração registrada hoje entre as forças estaduais se intensifique também com o governo federal e com os municípios.
Nesse aspecto, o pacote anticrime do ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, é uma contribuição significativa para deixar no passado a imagem do Brasil como paraíso da impunidade. O país precisa de maior rigor legal contra o crime, sem se descuidar das condições materiais para punir na prática.