Um mês depois de tomar posse, o governador Eduardo Leite fez questão de alertar publicamente para a gravidade das finanças públicas do Estado. Os números não chegam a surpreender, pois estiveram em evidência já durante a campanha eleitoral, mas reforçam a necessidade de a nova administração ter que concentrar ainda mais todas a fichas, a partir de agora, no ajuste fiscal. É preciso que também os deputados integrantes da nova legislatura se mostrem sensíveis a essa questão emergencial, para a qual o governador promete apresentar um pacote de alternativas nesta terça-feira, na tribuna da Assembleia.
Ao longo desse período inicial de governo, o novo comandante do Estado deixou evidente sua capacidade de evitar conflitos e buscar consensos. É uma condição, aliás, defendida pelo novo presidente da Assembleia, Luís Augusto Lara, que assumiu o comando do Legislativo defendendo o diálogo em torno de questões cruciais para o Estado. A sociedade, por sua vez, precisa acompanhar com atenção o debate sobre alternativas para a recuperação das finanças do Estado.
O governo gaúcho não tem mais tempo a perder para colocar as contas em dia. O esforço só alcançará os resultados necessários se mobilizar todos os poderes. Sem prejuízo aos debates, que precisam envolver todas as áreas, é preciso que as mudanças possam ser postas logo em prática.
O setor público não pode se constituir num entrave permanente ao crescimento da iniciativa privada, como vem ocorrendo no Rio Grande do Sul nos últimos anos. Da mesma forma, um gestor público não tem como se conformar com o fato de sua atuação se limitar a gerenciar contas. No caso, contas públicas em total desequilíbrio, a ponto de inviabilizarem o funcionamento da máquina administrativa, se nada for feito para deter esse processo.
É mais do que hora de a administração gaúcha definir um horizonte claro de equilíbrio entre receitas e despesas. Não há outra forma de acenar com a perspectiva de que os contribuintes gaúchos voltem a contar com serviços de qualidade. E, ao mesmo tempo, que a atividade econômica possa deslanchar, garantindo as receitas de impostos necessárias para custear o setor público e as oportunidades de emprego aguardadas pelos gaúchos.