Não há estrutura pública que funcione sem servidores capacitados e motivados. Para tanto, é fundamental corrigir distorções que não se coadunam mais com tempos de verbas escassas. É importante também valorizar as carreiras públicas com regras justas e claras. Entre deformações que, no somatório, contribuíram para levar o Rio Grande do Sul ao abismo das contas públicas e da inoperância como governo, incluía-se a forma como era concedida a licença-prêmio para servidores, alterada nesta terça-feira pela Assembleia para licença-capacitação.
É preciso cuidar para que o discurso polarizado não sequestre o debate. Apontar os servidores como causa da crise do Estado é incorreto e injusto, assim como compactuar com os excessos em forma de penduricalhos e vantagens incompatíveis com a realidade das finanças do Estado e da esmagadora maioria dos trabalhadores brasileiros.
Não há motivo ético ou de qualquer outra natureza para tantas desigualdades entre as realidades dos trabalhadores do setor público e do privado. As corporações, ao insistirem na manutenção de privilégios, atendem aos interesses de curto prazo de seus integrantes mas, ao mesmo tempo, armam uma bomba-relógio que, mais cedo ou mais tarde, causará efeitos danosos aos servidores.