Por Alfredo Fedrizzi, jornalista e consultor
Uma empresa é feita pelas pessoas que você escolhe, não pelos planos que você faz. Quem disse isso foi Vinod Khosla, um dos cérebros do Vale do Silício. Eu acrescento: uma cidade, um Estado ou uma nação também se fazem com talentos. Ao ler, lembrei de um empresário paulista que vinha sempre a Porto Alegre para contratar profissionais e dizia: “Vou às compras”! Certa vez, perguntei: “O que vês de diferente nos gaúchos?” Ele: “Vocês leem!” Lembrei da Coreia do Sul, um país precário há pouco mais de 30 anos e que hoje é uma potência. Tudo alcançado pela educação! Os países escandinavos e o Japão têm a educação como prioridade máxima.
É esta excelência em desenvolver pessoas que o RS precisa resgatar, um estimulante desafio para o novo governador. Nosso Estado precisa voltar a ter a melhor educação do país, mais atrativa e instigante, que leve em conta as novas profissões e aptidões, as novas maneiras de se relacionar com a vida. É necessário repensar nossas escolas, estimulando a diversidade, os experimentos, o botar a mão na massa, as propostas pedagógicas avançadas, onde os estudantes sejam ouvidos, novas tecnologias sejam aplicadas e o que acontece na vida real seja levado para a sala de aula. Um aluno não é igual ao outro e precisa ser cuidado individualmente, sendo desafiado a despertar a paixão pelo conhecimento, o prazer em aprender, a ser crítico e curioso, capaz de tomar decisões e trabalhar em equipe.
A educação precisa formar cidadãos para o mundo contemporâneo, ágil e colaborativo.
Os estudantes querem ter mais protagonismo. Não aceitam ser meros observadores. Os conteúdos estão todos na nuvem, ou no Google. A sala de aula virou um espaço de debate, onde estudantes opinam e decidem. É preciso liberar a sociedade, estimular as cabeças mais inquietas para criarem escolas e métodos de ensino diferenciados. Pouco adianta só ter escolas padronizadas. As cidades têm problemas e oportunidades diferentes. A propósito, a prefeitura de Porto Alegre está iniciando um movimento inovador nas escolas.
Se faz necessário uma variedade de escolas, com métodos e saberes diferenciados, como Lumiar, Waldorf, Montessori, Construtivismo. Escolas menos burocráticas e padronizadas. Facilitar a abertura e o fechamento de empresas e valorizar e pagar bem os professores podem ser os primeiros passos para construirmos um futuro melhor.
Mas, sem desenvolver pessoas capacitadas para os novos desafios, criaremos apenas futuros desempregados.