Por Tiago Rech, presidente do FC Santa Cruz
O projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa, que prevê a venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol gaúchos, é um alento principalmente para os pequenos clubes do interior. Desde 2008, estas equipes estão sendo prejudicadas com a perda de uma das suas maiores fontes de renda. Em vez de punir a minoria baderneira que comete excessos, estão tirando a liberdade de escolha da grande maioria dos torcedores.
Vou citar o exemplo do Estádio dos Plátanos, casa do Futebol Clube Santa Cruz, local que frequento praticamente desde que nasci. A dez passos do portão de entrada há uma distribuidora de bebidas. Muitos torcedores já se reúnem ali horas antes das partidas. Bebem tranquilamente e depois vão assistir ao jogo. Renda que poderia e deveria ser do clube.
No tempo em que a venda era autorizada, nunca vi qualquer incidente ocorrer ali. No máximo, algumas figuras folclóricas que incomodavam o bandeirinha no alambrado. O torcedor que vai ao estádio para criar confusão o fará de qualquer jeito. Para se ter uma ideia, o laudo autorizado pelo Corpo de Bombeiros permite cerca de 2,5 mil torcedores nos Plátanos. E como resultado da proibição da cerveja, hoje o público não chega a 500 na maioria das partidas, com exceção dos clássicos locais.
Outra situação criada pela lei anterior: o futebol amador, em que é permitido o consumo de bebidas alcoólicas, roubou boa parte do público. O detalhe é que nos Plátanos é exigido laudos de todos os tipos, presença da Brigada Militar – que faz um excelente e exemplar trabalho - e ambulância com UTI. No amador, nada disso. Onde existe mais segurança?
Entendo que talvez seja difícil controlar mais de 50 mil torcedores em uma Arena ou no Beira-Rio – embora a venda de bebidas alcoólicas ocorre à vontade na porta de entrada – e a Copa do Mundo mostrou que o brasileiro sabe torcer e beber civilizadamente. Já para os pequenos clubes do nosso interior, a aprovação da nova lei é o fim de uma hipocrisia que já durava 10 anos. Sanciona, governador!
